terça-feira, 2 de julho de 2013

Um tête-à-tête de sussurros






tive um tempo em que a esperança permanecia transbordando [com doses sutis de receio] enquanto suas palavras vazavam com perseverança vã. hoje não vou fingir superioridade e nem vitimismo, meu coração ainda bate, porém a solidão que sinto não tem a dor do apartheid nem do isolamento. é algo assim como sentir tédio no meio da torcida e ir pra casa como uma desenganada social ou um mamute que se perdeu do bando, reeditando a era do gelo. o que sinto tem a humanidade que vinga como uma flor à luz do dia, com pétalas e raízes aquecidas, brotando, crescendo e morrendo como um girassol de floração única, suspenso em seus próprios atos. é a solidão do ciclo de ser mais uma em campo, deitando sementes, como quem deita palavras, polinizando vazios como um  exercício de beleza. e se um dia conversar com um anjo, pedirei pra que ele dê uma volta junto a mim, e não direi mais nada,  sei que ele se encarregará de mostrar o que me torna tão diferente... 





segunda-feira, 1 de julho de 2013

Palavras desconexas na cama

ando tramando revoluções diárias que não ultrapassam o som de minha respiração ansiosa. amanhecer traz novas cores translúcidas e, na véspera, nunca sabemos que energias vão comandar  o ciclo de rotação da Terra. não sei se os anjos que, dizem, vivem zelando pelas pessoas e bichos, mas sei que o dia virá melancólico ou vibrante. se houver luz, quero captar num flash os acontecimentos das minhas próximas horas. se houver escuridão, devo quebrar as vidraças, ainda que sangre os punhos. agora é noite e silêncio. a natureza medita como um monge zen que atingiu o Nirvana do tempo. no fim de tudo, peço aos deuses que sejamos mais flor do que pedra porque a   beleza importa mais que a eternidade...