quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Feito em fios



quando o meu corpo começa a adormecer lanço-me assim como o voo dos anjos e, suspensa nos ares das nuvens, minhas asas se fortalecem. gravito como os astronautas.  tenho sede de ir mais alto, aos arredores da lua e de suas vilas abrigadas em crateras em sua brandura lunar.  pernoito hotéis estelares.  para o cansaço das horas, me desfaço das penas e molho de chuva meus sonhos secretos. durmo, sobre um pálio azul e meu corpo é puro devaneio de céu. meus encantos sutis de fêmea e ave, agora planam num sonho voador nas cercanias do teu mundo tão longe e perto de mim. sou livre para a busca do meu amor de lonjuras. pouso à tua porta para que me abra a luz da tua casa, do teu quarto, da tua cama.  meu voo não tem hora, nem passagem, nem permissões de tráfico celeste e, assim fico ao calor que me aquece perto das tuas mãos que me passeiam. fico horas assim, no proveito amoroso das tuas ousadias, esquecida do tempo, esquecida da minha metamorfose de ave.

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A pesada leveza









´ela seguiu devagar, demorando-se muito,
como se houvesse algum obstáculo no caminho;
e, no entanto, como se, superado este,
já tivesse passado do estágio de andar, e voasse´.

--de Perdendo a visão,
Rainer Maria Rilke
















há coisas que vêm junto....




[no passar dos tempos
no abandono das gentes
rasga-se o tecido
que a sustenta]




terça-feira, 3 de setembro de 2013

Desabit[ação]






sim, eu já aprendi que o que somos de verdade e o que queremos de fato, só nós sabemos. só nós. mas às vezes preciso que me mostre também como abrir os braços para receber o mundo, para acolher as agruras sem espantos, para me servir das delícias sem os vícios e para sobreviver às tristezas sem as desesperanças. e quando não souberes, inventa. inventa um mar de água morna, uma cama de rede que me guarde os sonhos. estica os dedos e molda uma realidade pintada com as cores que tu escolheste só para mim. deixa os pontos de interrogação para quando eu conseguir pôr os pontos nos is....


segunda-feira, 2 de setembro de 2013

E correrei os riscos de estarmos juntos no mesmo plano








 há inquietação. o espírito de aventura se faz presente clamando por satisfação. talvez não haja oportunidade imediata para saciá-lo, o que ocasiona um frenesi de imaginações .  por onde ando o tempo tem várias cores, algumas vibrantes outras nem lembro [essa falta de cor, porém, eu sei de cor]. tempo sem direção mas creio haver um sentido [segredo entrelaçado em cada linha que traço].  a soma das questões que deixei abertas, o peso de tudo o que pressenti é o meu legado a peso de vento. entrou setembro trazendo  tempo de lavrar solos e abrir espaço para que venham primaveras...