quinta-feira, 6 de março de 2014

então sabemos tudo do que foi e será



É da liberdade destes ventosque me faço.Pássaro-meu corpo(máquina de viver),bebe o mel feroz do arnunca o sossego.



__Olga Savary, Ar




É da liberdade destes ventos
  que me faço.

   Pássaro-meu corpo
    (máquina de viver),
     bebe o mel feroz do ar
       nunca o sossego.


__Olga Savary, Ar






[as letras que ventam
uso-as como suspiros]




quarta-feira, 5 de março de 2014

atrito de tempos








“A ordem do mundo está tão 
tumultuada que tudo é permitido 
– ou quase tudo.” 
 Jean Genet




   É possível afirmar que James Joyce foi um dos escritores que mais trabalhou com a desestabilização da forma literária. Ele afirmava que o leitor ideal para seus livros seria aquele que tinha a insônia ideal.    Eu aproveitei o carnaval para voltar pros  labirintos de Ulysses ( quase 1 ano  largado no fundo da gaveta) e me emocionar com sua personagem Molly. Ela expressa a coragem e rebeldia da mulher.   É aquela que podia ou teria querido casar melhor, é a que amou o esposo e não sabe se deixou de amá-lo, é a que o trai imaginariamente, é a que, no devaneio, recapitula amores, recapitulados também pelo esposo. A contagem do casal não coincide: ela não conta os quase-casos, ele os conta em parte, mas omite, ao que parece, alguns reais casos.   Molly é humaníssima . Educada para ser dona-de-casa, mas falha nas tarefas. A liberdade que ela se dá em falar do marido, da filha e dos amantes sem pudores, de ser mulher e sentir desejos e querer saciá-los, de ver em Bloom um companheiro que não exatamente faz o papel de 'corno manso', mas que entende o que ela quer – e que, também, não é nenhum santo.  Ela retrata a angústia  que os ansiosos têm antes de dormir, que é sem sentido, confuso e atrapalha o sono, que diz a si mesma tudo o que gostaria de estar gritando na rua para os outros.    A memória se faz nas rasuras, na tentativa absurda de se captar os fatos e sentimentos reais em um texto sem pontuação .  Ao final, Molly, antes de redormir, recapitula o dia e parte de sua vida, num fluxo psíquico, entre lúcida e ilúcida,  derramando monólogos  onde sutilmente mostra que  para não cairmos no esquecimento, temos de ter consciência do nosso próprio valor.     Se, ainda assim depois de tantas traduções, críticas, resenhas Ulysses é complexo, nós o somos em pé de igualdade, não fazemos sentido a maior parte do tempo. Isso não é, de forma alguma, ruim, é o que somos, como funcionamos....




Esses ensaios poéticos sobre literatura são maravilhosos, 
não deixe de ver este vídeo.



segunda-feira, 3 de março de 2014

0 melhor que houver ...





(..)como a vida é complexa e misteriosa! às vezes acontece de que por você ter deixado algo para depois uma nova situação emerge e beneficia você. e então, eis que percebo - quase que como uma obviedade - que muito mais do que me expressar, me aproximar, questionar, protestar ou me libertar, escrever, em si, é a resposta mais imediata do meu coração pra todas as perguntas que eu carrego dentro de mim.  não tem jeito, não tem fim, é o coração no comando, de ontem em diante....