sábado, 8 de março de 2014

eu gosto de ser mulher







gosto de abraçar apertado
  sentir alegria inteira
      inventar mundos
          inventar amores

       vou traçando
         um círculo
        em torno do que faço
          para deixar claro
            que não há centro

              guardo o equilíbrio
                  na corda mais fina







!feliz dia Mulher!

quinta-feira, 6 de março de 2014

então sabemos tudo do que foi e será



É da liberdade destes ventosque me faço.Pássaro-meu corpo(máquina de viver),bebe o mel feroz do arnunca o sossego.



__Olga Savary, Ar




É da liberdade destes ventos
  que me faço.

   Pássaro-meu corpo
    (máquina de viver),
     bebe o mel feroz do ar
       nunca o sossego.


__Olga Savary, Ar






[as letras que ventam
uso-as como suspiros]




quarta-feira, 5 de março de 2014

atrito de tempos








“A ordem do mundo está tão 
tumultuada que tudo é permitido 
– ou quase tudo.” 
 Jean Genet




   É possível afirmar que James Joyce foi um dos escritores que mais trabalhou com a desestabilização da forma literária. Ele afirmava que o leitor ideal para seus livros seria aquele que tinha a insônia ideal.    Eu aproveitei o carnaval para voltar pros  labirintos de Ulysses ( quase 1 ano  largado no fundo da gaveta) e me emocionar com sua personagem Molly. Ela expressa a coragem e rebeldia da mulher.   É aquela que podia ou teria querido casar melhor, é a que amou o esposo e não sabe se deixou de amá-lo, é a que o trai imaginariamente, é a que, no devaneio, recapitula amores, recapitulados também pelo esposo. A contagem do casal não coincide: ela não conta os quase-casos, ele os conta em parte, mas omite, ao que parece, alguns reais casos.   Molly é humaníssima . Educada para ser dona-de-casa, mas falha nas tarefas. A liberdade que ela se dá em falar do marido, da filha e dos amantes sem pudores, de ser mulher e sentir desejos e querer saciá-los, de ver em Bloom um companheiro que não exatamente faz o papel de 'corno manso', mas que entende o que ela quer – e que, também, não é nenhum santo.  Ela retrata a angústia  que os ansiosos têm antes de dormir, que é sem sentido, confuso e atrapalha o sono, que diz a si mesma tudo o que gostaria de estar gritando na rua para os outros.    A memória se faz nas rasuras, na tentativa absurda de se captar os fatos e sentimentos reais em um texto sem pontuação .  Ao final, Molly, antes de redormir, recapitula o dia e parte de sua vida, num fluxo psíquico, entre lúcida e ilúcida,  derramando monólogos  onde sutilmente mostra que  para não cairmos no esquecimento, temos de ter consciência do nosso próprio valor.     Se, ainda assim depois de tantas traduções, críticas, resenhas Ulysses é complexo, nós o somos em pé de igualdade, não fazemos sentido a maior parte do tempo. Isso não é, de forma alguma, ruim, é o que somos, como funcionamos....




Esses ensaios poéticos sobre literatura são maravilhosos, 
não deixe de ver este vídeo.



segunda-feira, 3 de março de 2014

0 melhor que houver ...





(..)como a vida é complexa e misteriosa! às vezes acontece de que por você ter deixado algo para depois uma nova situação emerge e beneficia você. e então, eis que percebo - quase que como uma obviedade - que muito mais do que me expressar, me aproximar, questionar, protestar ou me libertar, escrever, em si, é a resposta mais imediata do meu coração pra todas as perguntas que eu carrego dentro de mim.  não tem jeito, não tem fim, é o coração no comando, de ontem em diante....