domingo, 31 de agosto de 2014

vez em quando ela queria estar pronta ...



 (..) sozinha em casa . som alto para não ouvir os pensamentos, os próprios sentimentos. barulho para não ouvir lamentos, reclames, ruídos, ouvir para não ouvir seria seu lema. porém enquanto tocou aquela música se aquietou, sua vida foi passando pela cabeça. como se cada estrofe fosse uma cena. como se cada nota fosse um sentimento. a música era a sua vida inteira. uma sequência repetitiva ao fundo, essencialmente idêntica, uma após a outra. então pensou que não precisava acontecer nada maravilhoso, inesquecível, perfeito, nada muito diferente do que os momentos atuais. e que havia muita beleza nisto. como na música. dentro do seu coração existia um céu de muitas estrelas, existia uma bruma com aroma de ervas secretas, mágicas, e lá existe uma casa.  triste daqueles que não conseguem se deliciar durante a flutuação das notas e avançam até o fim para ouvir logo o acorde final. não percebendo que o que  gera a força pra essa nota é o amor que ela tem, guarda e salvaguarda pra lhe dar.  suspira. é o seu jeito: insistir no desejo acreditando que o universo conspira.