quarta-feira, 8 de maio de 2013

O mesmo verbo




“Falava sobretudo de amor e solidão, esta dor tão bem disfarçada diante de nós, que nos cruzávamos todos os dias com ela e não desconfiávamos de nada.
O caderno não incluía as cartas do namorado. De resto, recebeu poucas: nove em oito meses. Lysia contava-as, obviamente. Guardava-as, relia-as constantemente. Onde as guardava? Talvez junto ao coração, junto ao corpo, junto à pele, como escreveu.
Poucas cartas, porquê? Falta de tempo? De espaço para as escrever? Ou de vontade?
Sabemos sempre o que os outros representam para nós, mas nunca sabemos o que somos para ele.
Philippe Claudel, in “Almas Cinzentas”



[e saber que estiveram perto. tão perto… mas tão perto!]




terça-feira, 7 de maio de 2013

E eu que só estava de passagem



hoje prefiro esquecer
as forças gravitacionais
que me atam firmemente ao chão


talvez seja preciso beijar o acaso
sentir as flutuações do humor
olhar com carinho para os caminhos estranhos
que começamos a percorrer sem razão lógica ou aparente



o tempo faz tudo valer a pena
e nem o erro é desperdício



penso quando eu parti
assim... sem olhar pra trás
como um navio que vai ao longe
e já nem se lembra do cais



aí começo a pensar que nada tem fim...
que nada tem fim...