sigo gotejando metáforas e vejo limpidamente os dias sem sombras onde o poema invadirá o interior de sua pele. toda a terra ressuscitará. verás que pessoas descansam entre as rochas, regam as plantas na margem, escorregam pelas cachoeiras e brincam com os peixes. nesses momentos as águas do meu rio seguem por onde tem vontade e se perdem pelos afluentes de teu corpo .
sem pressa pelo mar.
havia um silêncio que mostrou os seus vícios onde o indissolúvel é tão desonesto quanto o unânime. transcendia para acordar no palco das suas transgressões.
se tivesse poder eu faria desaparecer de dentro de você toda a preocupação e arrumaria tudo que te oprime, te angustia . te faria um chá tão amoroso que dissiparia o tempo e renasceria em teus olhos toda a esperança e sonhos , até os mais secretos. te arrancaria os sapatos , retiraria as pedras e deixaria uma areia fofa onde teus pés afundariam livres de qualquer peso. prepararia uma mesa farta de sabores onde tua boca se encheria d´agua e de memórias de um tempo quando era menino e contava as correntinhas pra abraçar o pulso e espalhar entusiasmo. quero que no seu tempo, na tua hora volte e encontre-me lá no centro de um infinito de perspectivas, esperanças e probabilidades. é um tempo que gosto de ter e te ofereço com todo meu carinho.
(..)
Como se tu,
Sem o querer,
Em mim tocasses
Para dizer
Qualquer mistério,
Súbito e etéreo,
Que nem soubesses
Que tinha ser.
Assim a brisa
Nos ramos diz
Sem o saber
Uma imprecisa
Coisa feliz.
0 desejo pousou neste instante na minha memória. navalha de prata cortando o ar com seu significado. quem disse que as pessoas não se visitam à distância? momento mágico, um SOS telepático, visão impressionista, asas que passam, brisa que se desprende chegando à porta com orgulho de gato, escalando o silêncio com pés de veludo.
só eu sei dos tolos
que encontrei nos caminhos
só eu sei dos sonhos
que sonhei em pergaminhos
mas o seu sorriso
salvou-me da agonia
e ainda hoje me lembra
a infância dos sonhos