(..) a cena é pitoresca, no banco em frente ao mar, ela se deita de costas com os braços esticados como quem toma sol , ou esta na cruz. se pudesse agarrar o tempo nas mãos, poderia dizer que tinha controle sobre todos os gestos e todos os sentimentos. cada dia seria uma conjugação de todos os passos e ações premeditados . se isto implica uma suposta perfeição ou uma obsessiva forma de viver não saberia dizer. não, na realidade não queria propriamente o controle ou a perfeição . o primeiro, é frustrante . o segundo, enfadonho . o que ela queria concretamente era atar nas mãos algumas certezas. comprová-las . agarrar o tempo entre os dedos . espreitar bem junto aos olhos. e, depois, deixar livre. deixar o tempo correr livre. solto e leve . mas para já, ela queria agarrar o tempo nas mãos . para comprovar e não desperdiçar o futuro.
Alice: Quanto tempo dura o eterno?
Coelho: As vezes apenas um segundo.
Lewis Carroll
3 comentários:
Oi querida
Eu nunca iria querer saber o resumo da minha vida, tenho certeza que não sabendo sofreria menos.
Mas é linda a composição poética.
Parabéns
Beijos
Lua Singular
Num cantinho do meu quarto tenho o coelho da Alice, com o relógio nas patinhas. Se pudermos reter o eterno em um segundo, ainda temos alguma chance! Mas, sempre apressados demais, podemos perdê-la! :) Beijos!
Um segundo de felicidade vale mais que a vida inteira.
Lindíssimo texto Margot.
Bjs.
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