sábado, 28 de fevereiro de 2015

transmutar-se


por aqui
as janelas
ficam sempre abertas
para ver o agora acontecer


e deixo-me  seduzir pela percepção
de que ali nunca deixaria de existir luz e fogo



quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

No morno descanso da solidão ....





pular de alegria
é o melhor
dos exercícios....




Deus, alarga meu
coração e minha mente
para entender como podes
usar aquilo que tenho e
expandi-lo além do que
 eu posso imaginar.



terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Leve ou não, vamos levando...



a respiração é quase inexistente
centenas de pássaros voam
pelo céu flamejante

são linhas no horizonte,
não são?
são luzes criando cores no quintal
ouço uma canção, vem de longe

sensações variadas

diz-me então...
que são agradáveis
como a flor solitária no campo
recebendo o esquentar do Sol


assopre as cinzas tão remoídas,
dia a dia,
pela lembrança cruel
do (não) renovar,
do renovado...


diz-me então...
quem desvendará meu interior
para (eu) consertar meus defeitos??







quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

domingo, 15 de fevereiro de 2015

O fogo extinto que atiça







brinca o vento com
nossos sussurros
torna-as gotas de água
a escorrer
nos galhos desta história

apaga a chuva
carícias perdidas
num tempo sem espaço

considerei-te príncipe
do meu reino esquecido
antes desta
amnésia em
que mergulhei!




sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

sonhando o mesmo sonho...







tenho
o infinito
no redor dos olhos
que me entrelaça os passos
 e me tece os sonhos











[e aprimorar, 
como na canção do chico, 
"a arte de deixar algum lugar / 
quando não se tem pra onde ir"]

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

relatividade





.... e sua alma desperta um dia convencida de que não aguenta mais o tranco. mas te afirmo que tempo não é um, são muitos, tempos que voam baixo, tempos que saltam, tempos que rastejam no fundo do mar. no meu peito há tesouros que não envelhecem, não perdem brilho, que vivem num tempo próprio, glorioso, enquanto o resto mergulha passado adentro, murcha. o tempo do resto voa. ou não. quem sabe eu e meus tesouros voamos juntos, o resto fica para trás.

dois pesos, duas medidas. nada mais justo.









quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Os ácidos, os gumes e os angulos agudos









Outro dia eu li que no amor oscilamos entre - tudo poder ser e nada poder ser [a impossibilidade de tudo]-. É este o amor, é esta a nossa vida. Tu sabes, não sabes? Não duvide que aprendi no silêncio meu melhor tom de voz. É que eu estava a caminho de você há tanto tempo que aprendi todas as lições e as guardo de cor. Vim sem saber que estavas a minha espera. Vim de  te esperar tanto sem saber que estavas em você todo esse tempo como um desejo. Nessa trilha que percorri, foram muitos os enganos e desacreditei que pudesses passar de uma verdade só minha imaginada e vivida na vontade, apenas na vontade avassaladora de encontrar uma justificativa para ter nascido. Agora compreendi tudo. Ficar seria perder todas as incertezas e abortar o que pode para sempre ficar nas minhas entranhas. Recuso-me a ser tua para não correr o risco de um dia te perder.



domingo, 8 de fevereiro de 2015

Os frutos embrulhados




 é a vontade
de explodir em fogo de artifício,
a força interior do pólen masculino
que impele a flor a abrir

e a flor
é o lugar mais requintado,
lindo e confortável
que o pólen
encontrou para guardar
a sua força interior.

quando ele precisa voar,
avisa-a,
ela pede ajuda
ao Sol e abre.

ela agradece que ele voe.
ela assim multiplica-se.

multiplica-se em cuidados para ele.
e embeleza o mundo!

a.mar



sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

me devora feito amora







descobri [mesmo sem querer] que prazer e dor são impressões muitos íntimas. e, muitas vezes, transformo a angústia na contemplação dos estados alterados de mim mesma. tem gente que chama isso de maturidade. tem gente que chama isso de liberdade. eu tenho dúvidas. só acho que quando eu pedia colo tinha ainda alguma esperança...








quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

entre lugares sem nome que flutuam....



 mar...
abrindo vazios de
silên(cio)

...

ela sai  se esquivando
daquelas palavras
não ditas
pausadas no tempo
perdidas no vento







segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Complicações de luas e saliva







há seres que são mais imagem que matéria
mais olhar do que corpo

tão imateriais os amamos
que quase não queremos tocá-los com palavras

desde a eternidade os buscamos
mais no sonho que na carne

e sempre no limiar dos lábios
a luz da manhã parece dizê-los


Homero Aridjis
(livre tradução)




[enfim.
ser como sou.
 te ver como és
dois bichos de suor com sombra aos pés]

domingo, 1 de fevereiro de 2015

A partir de dentro, por um ousado valer




 no ar, a interrogação vibra como uma onda invisível.  meus olhos brilharam, mas nunca sei se ilumino alguma coisa em você ou se desço as persianas onde ficam frestas para novas indagações. há no caminho um labirinto que indica e devolve a questão. um movimento entre o saber e o não saber. um contraste de fala e silêncio, como se as revelações possíveis voltassem sempre para a roda das perguntas.  o movimento circular se completa e me deixa zonza. um carrossel de beleza e ilusão. um parque de diversão particular, risadas fáceis, uma infância explícita, seriedade que brinca de esconde-esconde. e a maçã do amor sempre trincada entre os dentes nunca sei se a mastigo ou se a deixo ali, escorrendo como a delícia prometida. há indagações e doçuras nas tuas falas , entro em transe e saio à francesa. é preciso saber se a resposta está dentro da pergunta. é preciso saber se a pergunta está dentro da resposta. é preciso saber se estamos dentro um do outro. 
sim. é preciso.