agora é noite e silêncio. a natureza medita como um monge zen que atingiu o Nirvana do tempo. e eu concentrada em deveres, atada ao monitor, percebo de relance que lá fora está lindo, lindo e irrepetível, lindo e fugidio. essa cidade eu conheço de ouvido...
não ando me encontrando com ninguém
(tenho fases, como a lua…)
no dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua…
e, quando chega esse dia,
o outro desapareceu…
de uma pequena brecha da janela, eu fantoche do luar, cabeça vazia e peito cheio sempre em desacordo com o tempo quase ao alcance das constelações. no caminho não procuro surpresa alguma tão pouco finjo o que não pretendo. palavras ecoam e a melhor expressão é a do silêncio que mesmo verbo não versa em nada. não há flores neste asfalto.
e a poesia em mim se esconde...
o amanhecer traz novas cores translúcidas e, na véspera, nunca sabemos que energias vão comandar o ciclo de rotação da Terra -não sei se os anjos que, vivem zelando pelas pessoas e bichos- mas sei que o dia virá melancólico ou vibrante. se houver luz, quero captar num flash os acontecimentos das minhas próximas horas. se houver escuridão, devo quebrar as vidraças, ainda que sangre os punhos.