segunda-feira, 31 de março de 2014

Me inventa e desinventa


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 traga-me um poema
sem ponteiros.

um poema descafeinado.

um poema cheirando a dama-da-noite


ou de cor-de-sol-que-não-sabe-se-vai-ou-se-fica,
um poema de maçã.



ah…

hoje eu quereria-me um poema



domingo, 30 de março de 2014

indefinível, o tempo











 numa caminhada
  longa e silenciosa
     bate as asas,
               lembrança

             sobram esperanças

                    

sábado, 29 de março de 2014

a fábula inconclusa







ser um corpo etéreo
  ser o outro lado do verso
  ser pele, coxas, lábios, 
    tesão, poesia
    ser o teu sonho

        e sentir

           o som da melodia  nesta noite
           em tons de jazz perfeitos

          e depois
          só os acordes de mim

                    sonho meu...





quinta-feira, 27 de março de 2014

ares de sonho











...em minhas andanças musicais ontem à noite percebi que que
esta frase da  banda pullovers não saiu de mim:

'quando você sorriu, 
me repartiu em antes e depois'


incrível como algumas palavras mergulham na gente
e vão logo cutucando memórias sonolentas....



quinta-feira, 20 de março de 2014

e balançam adiante...











(...) há ocasiões em que a realidade não é nada além do penar, e, para fugir desse penar, a mente precisa deixá-la para trás.  então, prendo um fio aqui, estico um outro, costuro rombos com laços e quando dou por mim eis uma teia delicada no ar, estendida, teia que vibra ao menor toque, malha que o olho mal vê mas meu corpo sente, cordas finas e longas que às vezes vibram, às vezes não, imprevisível orquestra de cordas que nem sempre tem conserto. 
outonos, invernos, alma desperta sintonizando estações...



(desejo boas notícias)




quarta-feira, 19 de março de 2014

a intenção é uma e única










         na beira da janela, lembrando dos dias gris ela acabou por colorir-los e sentiu nas cores que o irreal é muito, muito, muito mais que quase.  anseia pelo momento  em que
de olhos fechados  e a alma completamente despida 
se deixa ir.....

terça-feira, 18 de março de 2014

um novo abrigo


             O poema
               se vestiu
               de nuvem
               e no
                horizonte
                adormeceu
                      lilás.                                                                                                 




e a chuva que seguiu foi culpa do vento:

espalhou
a poesia
em gotas


(thalita martins)





segunda-feira, 17 de março de 2014

Ao mesmo tempo, de forma igual...







(...) às vezes a  imaginação te brinda com regozijo. imagina só, então, quanto maior será o regozijo da realização, já que esse será compartilhado com outras pessoas... mas o mais bonito mesmo é a cara que surge no rosto ao falar de quem se gosta. a tendência é fazê-lo parecer um gigante. porque quem ama,tende a enxergar (tudo) dessa forma....




domingo, 16 de março de 2014

para ventilar a realidade





                vem tirar o sapato   e dança  no meio desse mar,  vamos dar uns nós uns nos outros pois momento de liberdade   são muito poucos



sábado, 15 de março de 2014

é movimento eriçado....








 se despiu para alimentar o fogo. a última peça é o xeque-mate do jogo. depois do amanhecer,  guardou tudo com cuidado,  cada sonho num lugar, sem medo de ir além. porque ela sabe que existes, Amor.
não se vens.





quinta-feira, 13 de março de 2014

há ainda quem deseje estender as asas e aprender a voar






uma preciosidade me chega no Tempo exato.  fala da capacidade de sonhar. de continuar a sonhar.  e fica-se com ele horas a fio. a folhear muito lentamente. é tão lindo! é lindíssimo. e cheira muito bem.  e traz uma ilustração belíssima.  é um livro de tamanho certo para pousar no colo. é um livro que dá vontade de acariciar. de passar a mão pelas folhas  muito macias das árvores. enquanto a comoção nos passa e a sensação de espelho desaparece. é que é tremendamente humano. e o mais engraçado é que não estou exagerando. só não sei é dizer isto de outra maneira.





Livro  O Caderno da Menininha -
 Rovênia Amorim  (aqui) 
 Ilustrado por Virgínia Caldas  
Editora Novos Talentos ( adquira o seu aqui)


quarta-feira, 12 de março de 2014

é o tempo que faz a gente....









ficar abismada porque o tempo voa ainda soa muito pouco perto de sua ligeireza. ele dá a sensação de que tudo acontece como passe de mágica, quando as coisas surgem do nada, quando parece que tudo mudou em segundos. se eu pudesse, compraria um roteiro numa loja de conveniência e viveria baseada nele.  a vantagem é que a alegria sempre volta. 




terça-feira, 11 de março de 2014

Tenho fome da extensão do tempo







          há silêncio
          que transpõe  o dia
           e parece uma
          borboleta
          muda.





as dúvidas são delicadas.








'...um tédio que inclui 
a antecipação só de mais tédio; 
a pena, já, de amanhã ter pena 
de ter tido pena hoje 
— grandes emaranhamentos 
sem utilidade 
nem verdade, 
grandes
 emaranhamentos...'

fernando pessoa

segunda-feira, 10 de março de 2014

Me perco em qualquer desejo


marina aleksandrova.jpgd



ando sentindo
  falta
   de quando era
    menina
      e pensava ser
        adulta


                                        na varanda
                                          do terceiro 
                                            andar
                                            tudo passa a 
                                              ser
                                               tão devagar



domingo, 9 de março de 2014

começa um sopro baixo no meu coração




Sarau na biblioteca do Saramago,
com Luis Pastor e a 
(linda!)'bailaora' Maria Pagés 
[julho/2006] - 




Ergo uma rosa, e tudo se ilumina
Como a lua não faz nem o sol pode:
Cobra de luz ardente e enroscada
Ou ventos de cabelos que sacode.
Ergo uma rosa, e grito a quantas aves
O céu pontua de ninhos e de cantos,
Bato no chão a ordem que decide
A união dos demos e dos santos.
Ergo uma rosa, um corpo e um destino
Contra o frio da noite que se atreve,
E da seiva da rosa e do meu sangue
Construo perenidade em vida breve.
Ergo uma rosa, e deixo, e abandono
Quanto me dói de mágoas e assombros.
Ergo uma rosa, sim, e ouço a vida
Neste cantar das aves nos meus ombros.

[José Saramago]



que privilégio ver este vídeo!!                                                                                           Feliz!!!





[esperei uma flor
(esqueço que espero)
...qualquer flor
 me surpreenderá]


um beijo de 
bom dia de domingo, 
Amigos.

                                                                                                                   

sábado, 8 de março de 2014

eu gosto de ser mulher







gosto de abraçar apertado
  sentir alegria inteira
      inventar mundos
          inventar amores

       vou traçando
         um círculo
        em torno do que faço
          para deixar claro
            que não há centro

              guardo o equilíbrio
                  na corda mais fina







!feliz dia Mulher!

quinta-feira, 6 de março de 2014

então sabemos tudo do que foi e será



É da liberdade destes ventosque me faço.Pássaro-meu corpo(máquina de viver),bebe o mel feroz do arnunca o sossego.



__Olga Savary, Ar




É da liberdade destes ventos
  que me faço.

   Pássaro-meu corpo
    (máquina de viver),
     bebe o mel feroz do ar
       nunca o sossego.


__Olga Savary, Ar






[as letras que ventam
uso-as como suspiros]




quarta-feira, 5 de março de 2014

atrito de tempos








“A ordem do mundo está tão 
tumultuada que tudo é permitido 
– ou quase tudo.” 
 Jean Genet




   É possível afirmar que James Joyce foi um dos escritores que mais trabalhou com a desestabilização da forma literária. Ele afirmava que o leitor ideal para seus livros seria aquele que tinha a insônia ideal.    Eu aproveitei o carnaval para voltar pros  labirintos de Ulysses ( quase 1 ano  largado no fundo da gaveta) e me emocionar com sua personagem Molly. Ela expressa a coragem e rebeldia da mulher.   É aquela que podia ou teria querido casar melhor, é a que amou o esposo e não sabe se deixou de amá-lo, é a que o trai imaginariamente, é a que, no devaneio, recapitula amores, recapitulados também pelo esposo. A contagem do casal não coincide: ela não conta os quase-casos, ele os conta em parte, mas omite, ao que parece, alguns reais casos.   Molly é humaníssima . Educada para ser dona-de-casa, mas falha nas tarefas. A liberdade que ela se dá em falar do marido, da filha e dos amantes sem pudores, de ser mulher e sentir desejos e querer saciá-los, de ver em Bloom um companheiro que não exatamente faz o papel de 'corno manso', mas que entende o que ela quer – e que, também, não é nenhum santo.  Ela retrata a angústia  que os ansiosos têm antes de dormir, que é sem sentido, confuso e atrapalha o sono, que diz a si mesma tudo o que gostaria de estar gritando na rua para os outros.    A memória se faz nas rasuras, na tentativa absurda de se captar os fatos e sentimentos reais em um texto sem pontuação .  Ao final, Molly, antes de redormir, recapitula o dia e parte de sua vida, num fluxo psíquico, entre lúcida e ilúcida,  derramando monólogos  onde sutilmente mostra que  para não cairmos no esquecimento, temos de ter consciência do nosso próprio valor.     Se, ainda assim depois de tantas traduções, críticas, resenhas Ulysses é complexo, nós o somos em pé de igualdade, não fazemos sentido a maior parte do tempo. Isso não é, de forma alguma, ruim, é o que somos, como funcionamos....




Esses ensaios poéticos sobre literatura são maravilhosos, 
não deixe de ver este vídeo.



segunda-feira, 3 de março de 2014

0 melhor que houver ...





(..)como a vida é complexa e misteriosa! às vezes acontece de que por você ter deixado algo para depois uma nova situação emerge e beneficia você. e então, eis que percebo - quase que como uma obviedade - que muito mais do que me expressar, me aproximar, questionar, protestar ou me libertar, escrever, em si, é a resposta mais imediata do meu coração pra todas as perguntas que eu carrego dentro de mim.  não tem jeito, não tem fim, é o coração no comando, de ontem em diante....