terça-feira, 30 de abril de 2013

É preciso passear por todos os sentidos...


(..) na realidade exagerada de repente ela passou a ter pressa. pressa de ir devagar. pensou na vida cotidiana, áspera e confusa. nas tantas vezes em que não segurou as pontas de suas ambiguidades. pensou na corrida desenfreada dos projetos humanos. em como os dias tinham um tom de repetição, como se o som dos acontecimentos ocupasse o lugar que a nota anterior deixara livre, numa sinfonia pueril a emendar manhãs, tardes e noites.   uma melodia silenciosa que enche de vibração e orquestra a coisa toda, até mesmo quando tudo parece perdido.   nesta vida há que se ter disposição para que não se percam os significados....


(  rumo ao amor...aqui )



.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Esta é a vida vista pela vida...







a palavra me  escreve,
me descreve
brinca comigo
torna-se sagrada

desenha o meu horizonte
acaricia a  face
e simplesmente segue-me
por vezes, em silêncio, outras com risos,
mas também com amargura.

 posso por vezes,não ter sentido
contudo  é a
mesma falta de sentido
que tem a veia que pulsa

mas o instante
-já é um pirilampo que acende e apaga.


















Conserto a palavra
 com todos os sentidos em silêncio
Restauro-a
Dou-lhe um som
 para que ela fale por dentro
Ilumino-a

Daniel Faria 
em Homens que são como lugares mal situados













domingo, 28 de abril de 2013

sábado, 27 de abril de 2013

Da agilidade...






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asas de libélula
é quase maio
o tempo voa
                                           











"É que por enquanto a metamorfose de mim em mim mesma não faz sentido. É uma metamorfose em que eu perco tudo o que tinha, e o que sou. E agora o que sou? Sou: estar de pé diante de um susto. Sou: o que vi. Não entendo e tenho medo de entender, o material do mundo me assusta, com seus planetas e baratas."

Clarice Lispector














sexta-feira, 26 de abril de 2013

E se fazem em conjunto de possibilidades..


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"Já alguma vez viram a espuma ou as bolhas de ar à superfície da água? Algumas conseguem manter-se à superfície da corrente durante um quarto de segundo, ou meio segundo, outras mantêm-se cerca de um minuto, até que, por fim, desaparecem. Neste mundo, através do tempo e do espaço, conseguirão vocês encontrar uma só coisa que não seja uma bolha de ar? Conseguem?

Esta mão parece ser minha, aparenta ser sólida e estável enquanto mantiver a sua própria forma, mas daqui a trinta anos já não será minha. Não será uma mão, mas um minúsculo pedaço de terra, de fumo ou de ossos. Mesmo os ossos não serão capazes de se manter como ossos. Portanto, esta mão não é realmente minha, mas uma espécie de bolha de ar à superfície de um rio que, constantemente, flui. Este corpo inteiro, este edifício, esta cidade, este país, este universo e todos vocês... tudo isto é como uma bolha de ar à superfície da corrente desse mesmo rio. Não é? Não seremos?

Conseguem descobrir uma só pedra que não seja efémera? Tudo se transforma, desaparece e, incessantemente, nasce de novo, numa completa inter-relação com tudo e com todos os seres. Em terminologia budista, chamamos a isto o "Vazio". Ao fim e ao cabo, não conseguimos encontrar nada que não seja uma bolha de ar."

"Folhas caiem, um novo rebento"
Hôgen Yamahata


[para ver se despisto essa mania de correr atrás de mim...  aqui]

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Minuciosamente – real ou irreal

.





a cor da flor resplandece
de um amarelo solar.

gira sol, gira!
e faz a flor girar junto
meu coração.

conjuntando seus amarelos.

dois sóis em uma dança só.

girassol, gira...
desce o despertar da manhã.




quarta-feira, 24 de abril de 2013

Evolar-se....





[...] gosta deste isolamento e de admirar o mar. ela acredita que toda sua fragilidade, sua aflição  seguem levadas pela casualidade até a praia mais mansa, onde toda angústia é espuma.

acha que ninguém mais imaginaria que a espuma, que carrega algas e conchas, passou por perigos que têm a ver com o desejo do fluxo, quando as águas começam a formar ondas, redemoinhos, com a *força centrípeta  puxando e as possibilidades de flutuar parecendo impossíveis...

ela é surpreendente na fé. aprendeu que fomos feitos para ser diferente, portanto não se culpa, procura aceitar e aprovar o que  é.  sua natureza é de onda e quando as rochas a recolhem para ficar ali, ela já partiu, fazendo o caminho de volta  para providenciar a semeadura dos sentimentos sobre a terra inóspita, os desertos humanos.  sabe que é muito tênue a linha que separa o 'não se importar' com o 'não absorver'.  assim, apesar de todos os obstáculos, fertiliza para sempre e sempre o renascimento, líquido como a criação.  sai dali se sentindo divinamente guiada, conectada , segura e protegida, em todos os sentidos e em todas as coisas .
com gratidão no coração sabe que a vida sempre  (re)compensa de  alguma maneira.











*força centrípeta é a força resultante 
que puxa o corpo para o centro da trajetória
em um movimento curvilíneo ou circular

terça-feira, 23 de abril de 2013

E então a vida muda...





É um pássaro, é uma rosa
É o mar que me acorda?
Pássaro ou rosa ou mar
tudo é ardor,tudo é amor.
Acordar é ser rosa na rosa,
Canto na ave, água no mar

Eugênio de Andrade



 (..) acredito que tem hora pra tudo nesta vida mas o amor pode  nos influenciar consideravelmente, pode  nos ajudar a suavizar o que é rígido. pode nos  ajudar a abrir o que está fechado. pode ser uma força criativa na nossa vida. ao nos aproximarmos dos outros com pureza de sentimentos, somos enriquecidos pelas suas naturezas e eles são por sua vez enriquecidos por nós. algo de novo surge desta nova partilha íntima [no amor e também na paixão que está cheia de energia e excitação]. sensações inexplicáveis acontecem. faz surgir em nós um vigor associado frequentemente a um sentimento de alegria profunda para que o amor se desenvolva para além da atração inicial.  é como se fossemos tomados por uma calma  quase criança, algo singelo que nos intui a crer que o que tem que acontecer, simplesmente vai acontecer.  há afeição, carinho e contato que podem ter um efeito terapêutico [curando todas as nossas dores emocionais].  um compartilhar físico, emocional e mental que nos alimenta.  nós entramos em contato com o outro.  nós  o afetamos e ele nos afeta.  o amor pode  nos ajudar  a descobrir as nossas diferenças de modo que possamos nos enriquecer por elas. o amor é o maior presente que podemos dar a nós e aos outros.  pode sim ser simples, como a rosa, como o pássaro ou o mar.

´mudaste o meu pranto em dança,
a minha veste de lamento
em veste de alegria´
salmos 30.11-12




(trechos de uma palestra que ministrei)










E o nosso pensamento percorre .....




muitas vezes é quase preciso percorrer uma vida inteira para encontrarmos as coisas verdadeiramente importantes.   as palavras acompanham-me sempre. de quando em vez, tento olhar para o lado, ignora-las, mas ... vivo nelas!   recordo livros. uns mais perto do que outros. uns mais quentes do que outros. uns mais meus do que outros. e até, uns mais nítidos do que outros. mas, procuro-os sempre. mesmo assim, reconheço que sei muito pouco sobre eles, e sobre as palavras que às vezes dançam lá dentro, mas sinto-as. e gosto.   aprecio quando elas roçam as minhas lembranças, sem tempo nem idade. é uma magia que faz refletir momentos suaves e aveludados num brilho sensual e precioso.vivo nas palavras.


(hoje é o dia mundial do livro - não sei o que faria sem ele)








no "water closet":  Toda Mafalda - Quino

na bolsa: 49 contos de Tennessee Williams



nós dois...um a um ...aqui





segunda-feira, 22 de abril de 2013

O melhor que farás será por acaso...





bem ali  na fronteira
entre o percebido e o anunciado

no correr dos dias
 floresce-nos o coração,
salpicos suaves de vida.
.
.
.

o que se sabe e o que não se sabe
 sobre uma mudança
é o que  se deixa de herança

.
.
.
e na noite todos os fantasmas se erguem,
catedrais que o nevoeiro esconde
.
.
.
na desintegração do medo
o surgimento da antimatéria
.
.
.
 aniquilam-se mutuamente,
 virando pura energia
.
.
.


risos que a saudade torna autênticos

e que brilham na essência..









domingo, 21 de abril de 2013

Mas o futuro está sempre mudando....

Tatoo






“Amor, Ordem e Progresso"


Nosso país é o único país que vem com um conselho estampado na sua bandeira.

Quem precisaria de conselho? somente alguém que estivesse perdido, eu creio.

De qualquer forma, conselho se dá a quem age errado.
Pensando longe, desta vez, no nome da nação, vê-se que palavras terminadas em eiro
atribuem a função da pessoa à originalidade dela.
Ou seja: Quem vende pipoca? pipoqueiro. Quem atende à porta? o porteiro. Quem fuma maconha? o maconheiro.
Percebam também como soa estranho o nome “Brasileiro” às outras nacionalidades: francês, inglês, americano, italiano, argentino.

Acontece que quando Portugal chegou ao nosso país, o principal produto de roubo era o Pau-Brasil. Portanto, se quem pratica o jogo do bicho é bicheiro, quem rouba o Pau-Brasil?
Sim, brasileiro. Temos a identidade de quem já nasce como ladrão, já vive em uma nação, onde a política e a polícia não funciona, a justiça muito menos.
Já nascemos rotulados com a etiqueta: Made in Brazil, país de picaretagem, malandragem, Bunda lelê, sacanagem.

Feliz?

Por isso, na bandeira um conselho:
Ordem e Progresso!

Num país que não se vê ordem, quem dirá progresso.

Para que haja progresso, antes a ordem. Para que haja a ordem, antes o Amor.

Essa frase: “ordem e progresso”, é originada da frase:
“Amor por princípio, ordem por meio, progresso por fim”.

Amor, ordem e progresso.

Mas tiraram o amor da bandeira do Brasil.

E assim, incompleto, não há conselho que funcione.

Que volte o amor à bandeira do Brasil.
Se por falta de espaço, que volte o amor à bandeira do Brasil e tire o progresso.

E fique: “Amor e Ordem”.
Progresso?

Progresso por fim… é inevitável que com o amor e a ordem, o progresso venha.

Mas sem amor, esse país continua falho, desumano, imoral.

Um país de verdadeiros ladrões.

Na política, na polícia, na justiça, nas ruas, nas casas, na internet, em todos os lugares.

Quem sabe com Amor este país não melhora, afinal, a ordem não funcionou e o progresso não veio.

Amor!
Vamos colocar o amor na bandeira do Brasil de volta!

Vamos trazer o amor de volta à essa nação!!


Inaiá Correia



(para que  não vire pó no filtro da memória ...aqui )

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Nem ausente, nem presente por demais....


Erostocracy



(...) num torto direito, as frases, que tantas vezes (re)escrevi , eu vi soltas nas tuas mãos [melhor dizendo, distraidamente penduradas nos teus dedos frios].  fecho os olhos e obrigo-me a sentir os pés firmes no chão, aperto os lábios na certeza de amordaçar as palavras e respiro fundo.  mas, não tem jeito, o que me vale é na emoção desfilar, sem deixar de extrapolar[e esbanjar] minhas virtudes mais intensas. como num flash, dando-me a mão  eu acompanho o teu movimento, com a leve esperança de sentir o mundo dentro de mim.  tu balançavas o corpo num andar despreocupado e sorriu entre suspiros [perguntei-me se isso significaria que estavas feliz].  procurei o teu olhar, mas há tanto ainda para ver, tanto que os meus olhos querem absorver... de olhos fixos no horizonte, espalhas os teus sonhos pelo caminho que ainda percorro contigo, e olhas para longe, tão longe, que não me vês mergulhar de mansinho na paisagem e desaparecer entre o sol e a noite. eu, guardo um sorriso para ti e vou.  acordei sorrindo.


[e você vai se perguntar  onde esta minha mente?.....  aqui.]



quinta-feira, 18 de abril de 2013

Reconforta a desesperança..






(...) e demorou seu olhar no canteiro dos amores-perfeitos. é irremediável e sonha. leva asas nos pés, palavras nos dedos e aquele sorriso despreocupado de quem ainda se fascina com os pequenos milagres. há dias em que eles não percebe como é que os sorrisos se sustentam na sua expressão. olham para ela e não compreendem como é que os lábios rasgam a tristeza para receber o que há de bom na bainha dos dias. e ela acredita. tem a certeza de que no cruzamento do sol no horizonte sobram estrelas com sabor a girassóis. sabe que o algodão doce são pedaços de nuvens, mesmo que perceba que no fundo são feitos de açúcar. fecha os olhos ao cinzento da chuva, mas abre as mãos para receber o fresco da água que cai. esconde o que de feio têm os seus pensamentos e escolhe as cores com que pintar a sua felicidade. mas às vezes nem as mais brilhantes cores chegam para tapar as tábuas partidas da sua casa. e a noite cai.  as estrelas dizem boa noite e ela fica só. adormece embalada ao ritmo do seu coração, anoitecida pelo silêncio.



[às vezes é preciso acreditar ...  aqui]

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Nós e o mundo e o mistério de ambos....

Black





(..) tenho mania de caminhar em pegadas conhecidas. perdi a coragem da ignorância . confesso minha enorme dificuldade em lidar com o tempo em perspectiva que só se concretiza para mim à medida que deixo pedacinhos de pão para poder voltar aos lugares em que deixei partes de mim e aos quais desejo voltar de algum modo, mas, você sabe, as aves do céu comem os pães, e assim nunca consigo voltar quando desejo e se logro fazê-lo, este de mim deixado em algum lugar me é estranho e desconhecido.  hoje quero o que se incorporará ao que é eterno em mim.












“Muitas coisas me valem
quando Deus fica estranho
e do que é mínimo, às vezes,
vem o desejado consolo”.
Adéia Prado

[ transparente essência que  aflora a  face....aqui ]

domingo, 14 de abril de 2013

O futuro é um simples reflexo lunar....







na construção que liga
o argumento ao corpo
floresce a essência,
alma ansiosa
que se alimenta
de sensibilidade e beleza

no patamar superior reina
 *Demiurgo [castelo de sentidos]
construção do transcendente
onde os sonhos habitam.

e se Platão vier,
[neste domingo]
falem-lhe de Amor
e da estrela que a mão[ainda] não alcança




[na transparência do dia adensam-se as emoções...aqui ]





*O termo demiurgo provém do latim demiurgus, e este por sua vez do grego δημιουργός (dēmiourgós), literalmente "o que produz para o povo" . Platão o utilizou em seu diálogo Timeu, uma exposição sobre cosmologia escrita por volta de 360 a.C., onde o Demiurgo figura como o agente que, embora não seja o criador da realidade, organiza e modela a matéria caótica preexistente de acordo com modelos perfeitos e eternos.





sábado, 13 de abril de 2013

Ponto de ordem




(..)quando percebeu o ruído na porta, fechou os olhos [fingindo] deixando-o pensar que dormia. não pretendia enganá-lo, sabia que a  conhecia, mas esta dormência e silêncio após tanto desassossego e pó levantado a tranquilizava.  aquietavam-se os ânimos [finalmente estáticos na sua  mente] e pode  inventar diálogos amenos. ela então livre, esboça um sorriso por alguma besteira que nunca teria coragem em  dizer. recorda de si miúda, olhos grandes . todos os seus pedaços, fiapos, lentamente regressam ao seu corpo, uma suave brisa empurra-os até esse encaixe . recorda passeios de kombi, dias de chuva na praia, um pedaço de goiabada, o aroma de alfazemas da sua mãe.  coisas perdidas na memória sem censura, só detalhes pequenos à deriva que se vão pescar de quando em vez para nos salvarmos de coisas muito feias.  para serenar e não se morrer.





[a meninas   nos sonhos coloridos ....aqui ]

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Beijar-te é como morder uma nuvem





Não sei porque decidiram celebrar o Dia Mundial do Beijo no dia 13 de abril. Terá sido o dia em que Robert Doisneau tirou sua famosa fotografia do beijo de um casal numa rua de Paris? Foi esta a data na qual Rodin terminou sua clássica escultura? Ou o dia em que estreou nos cinemas “A Dama e o Vagabundo”, o desenho da Disney que mostra a cena na qual os cachorrinhos beijam-se acidentalmente ao compartilhar um prato de espaguete?

Bem, o caso é que a resposta não importa tanto. Afinal de contas, assim como um beijo roubado é mais instigante do que um previamente autorizado, os pretextos para que uma data tão interessante como esta seja celebrada pouco importam.


Na Hollywood dos anos 30 , cenas que fossem consideradas de “paixão excessiva” eram proibidas segundo o Código de Produção. Nenhum beijo em cena poderia durar mais do que 3 segundos. Nenhuma regra, porém, que não pudesse ser burlada por um diretor do talento de Alfred Hitchcock. Ao dirigir Interlúdio, em 1946, Hitchcock filmou uma cena na qual Cary Grant e Ingrid Bergman passam quase três minutos trocando uma série de beijos curtos, entremeados com abraços, diálogos ao pé do ouvido e carícias. Os censores nada puderam fazer para cortar essa longa seqüência; afinal de contas, nenhum dos beijos ultrapassou os três segundos permitidos. 

 Ingrid Bergman,  disse que : “O beijo é um truque maravilhoso que a natureza inventou para interromper a conversa quando as palavras se tornam supérfluas”.


(texto copidescado da net)






O Megapix exibe uma programação especial  com quatro filmes em sequência com o tema que marcou diversas produções mundiais:

 16h15: O Incrível Hulk, de Louis Leterrier (com cenas gravadas no RJ)
 18h25: Titanic, de James Cameron
 22h: Desejo e Reparação, de Joe Wright
* 0h15: Doce Lar, de Andy Tennant




Confiram   aqui   o drible genial que Hitchcock deu na censura da época da filmagem de Interlúdio.




*[contém 1 beijo  a meia noite e quinze, combinado?]




Ondular cíclico




de frente ao  mar
deixo de esperar pelo amanhã
já é amanhã


 pulmões cheios de ar

diversidades viram uma questão estética
(diferenças estéticas meramente)
erros e acertos na vida ocorrem naturalmente
(mas erros são corrigidos cuidadosamente)

o que é necessário faz-se sem hesitação

não há motivo algum para fugir

pedidos são cumpridos
desejos são ignorados
cordas frouxas são apertadas
cordas tensas são relaxadas

o silêncio fala melhor do que qualquer língua

tenho o som do vento e do mar...


[ fúrias e serenidade.........aqui ]


quinta-feira, 11 de abril de 2013

A vida me tinha ensinado que fácil era o ruído





(...) do momento retenho somente os reflexos, a temperatura, a luminosidade e as sombras , a espera diária. quando os nossos olhares se acham e seguem uma mesma direção, o momento é agradável. quando não se encontram, perdem-se de nós, chegam a moer de tanta inquietação, despedaçam-se no chão. é por isso importante encontrá-los, apanhá-los à feição e, com bons modos, explicar-lhes o caminho. como que um encontro urgente, imperturbável.









Os que se amam além de um grau, 
deviam esconder-se de seus próprios pensamentos.

|Guimarães Rosa - Retábulo de São Nunca|






quarta-feira, 10 de abril de 2013

Um sentido...






Conceda-te  o desejo do teu coração e leve a efeito todos os teus planos.Saudaremos a tua vitória com gritos de alegria e ergueremos as nossas bandeiras em nome do nosso Deus. Que o Senhor atenda todos os teus pedidos!

Salmo 20.4-5




Tem palavras que chegam a mim e me acariciam. Gosto desta - perseverança -, gosto mais ainda de seu
significado: a capacidade de enfrentar um problema ou uma situação até  que se resolva. 

Penso que podemos ter muitos anseios a povoar nossas almas, mas creio que só há uma fonte capaz de calar todos os medos, afastar todas as dúvidas e remover toda a ansiedade. Sim. Falo de Deus. E tudo que precisamos é dedicarmos a falar com Ele e a ouvi-lo também. 

Se a gente não fizer uma pausa nas atividades diárias e reservar momentos para se aquietar na presença Dele, não seremos capaz de ouvi-lo.  Se insistimos numa rotina frenética, somos freados,  a tribulação aparece e somos obrigados a repensar o caminho.

Então o cansaço se avoluma , nos sentimos como se estivéssemos  em uma montanha- russa, imaginando por que Deus permite que suportemos tanta coisa. 

Mas, o quanto ouvimos nossos próprios pensamentos, nossa personalidade mais íntima, o nosso EU? O quanto prestamos atenção ao que realmente são as outras pessoas, e às conseqüências de nossas próprias atitudes?  

Dentro de cada um de nós há uma voz que fala a verdade, acredite.


Deixo um filme que é a adaptação do livro homônimo escrito por Neale Donald Walsch, que conta sua própria história que inspirou e transformou a vida de milhões de pessoas. Assista pois tenho a certeza que seu olhar   sobre vida não será mais a mesmo ....





Filme: Conversando com Deus.............aqui

As folhas caem e voltam para as raízes....






Ah, escapar ao dia de amanhã, que já vem chegando por detrás de mim! - e amenamente voltar para o inexistente ... parei.
Por um tempo, tempo, esperei. Quanto?

Guimarães Rosa - Páramo







[posso às vezes estar perdida no labirinto. posso ter tristeza no coração.
mas tudo desaparece quando tenho uma flor na mão
 e sigo atentamente a gota de orvalho a desenhar-lhe os contornos]





Fazendo chuva....aqui

terça-feira, 9 de abril de 2013

Perto o mundo cria-se




(...) falaram-me de felicidade, aspectos distintos cujas múltiplas formas possuem relações de interdependência, muitas vezes de difícil compreensão. conceito tão complexo de analisar, quanto de dificil assumir na plenitude dos  nossos dias de cultura também tão complexa.  gostaria de voltar a ser feliz, da forma serena como já fui  [já tive também gosto de mudar o mundo e sei que nunca o mudarei] então, diante do possível, vou mudando o meu mundo, na esperança que ele, pequenino, possa influenciar todos os outros, que à volta dele gravitam. talvez, hoje [sabendo o tudo que sei,  tendo aprendido o tudo quanto aprendi,  sabendo o outro tudo que não sei  e sabendo o enorme tudo, que ainda não aprendi] desejo que a suavidade que no momento me inunda, caiba no poder partilhar de um chá, de um chão e de uma música.     em algum lugar, pelo mundo, as Maria´s continuam suspirando, cantando ao vento, majestosos verdes de esperança e luz. e os Jose´s, simples, continuam a plantar, a semear.    hoje, de nada mais preciso. 



´sussurro sem som
onde a gente se lembra
do que nunca soube´

Guimarães Rosa




´é preciso amor pra poder pulsar....aqui ´


segunda-feira, 8 de abril de 2013

Quando finda a mestria




quando morrer gradualmente
na palavra,
e confiar de tal modo
nessa palavra
.
.
que ela própria possa
ressuscitar nela
na mesma medida
sua ação de vida
.
.
quando ela por fim
manifestar nela,
completamente
e universalmente,
sua ação de morte
.
.
te entregues ,
por fim  e
por ti mesmo
onde o movimento
do lugar infinito
sabe de si



´hora feliz, hora triste...o lance é ´....aqui´

domingo, 7 de abril de 2013

Deixe-se esquecer outro dia....

.





vim pelo caminho dificil,
a linha que nunca termina,
a linha bate na pedra,
a palavra quebra uma esquina,
mínima linha vazia,
a linha, uma vida inteira,
palavra, palavra minha.

Paulo Leminski






[a gente tantas vezes reinventa, não é?como o vento a gente aprende a passar.
os pés entortam procurando rumo.  pobre deles têm sonho de liberdade]



´deixe ir´....aqui (demora um pouquinho pra abrir mas não desista)

sábado, 6 de abril de 2013

Não esqueças, sobretudo, de olhar devagar...

...

Caminhamos todos pelo curso do pólen.
Respiramos todos nessa bela poeira masculina
 (e sofremos, alguns de nós, a reação defensiva e surpresa do nosso corpo).
Uma planta paternal espalha um fino lençol de partículas de si mesma
por sobre o habitat.
Flores, por todo o lado, apanham nuvens e caiem.
As pontas carmesins da aveleira escondem-se, esperam e recebem.
Os estigmas elaborados de erva penteiam o ar.
A papoula prepara o festim.
O grão de pólen salta extasiadamente de uma abelha.
Uma metade de qualquer coisa encontra a outra metade.
Destinado a partir, destinado à glória."

in "Anatomia de uma rosa" de Sharman Apt Russell





[os *Navajos tradicionais acreditam que o curso do pólen é o caminho entre os deuses e a humanidade.
 é a harmonia que deveria existir entre nós]



*Os navajos, que se auto intitulam Dineh, o Povo, habitam a América do Norte e pertencem ao ramo linguístico Athapaskan. Eles são procedentes da região norte e hoje ocupam um planalto que atravessa a maior parte do Arizona, do Novo Mexido e de Utah – em termos territoriais é considerado o maior espaço nativo dos Estados Unidos.

(uma região qu gostaria de conhecer)



You Don't Bring Flowers by Neil Diamond & Barbra Streisand on Grooveshark

sexta-feira, 5 de abril de 2013

"... Nunca sofra por não ser uma coisa ou por sê-la..."



It's lovely .


vivemos num mundo
 fast food
vivemos a dolorosa ausência
da simplicidade

    vivemos no tempo em que
     tudo tem de ser
     complexo,
     muitas vezes
     estupidamente
     desconexo.

                  tenho o leve receio que
                  esta superficialidade
                  corte aos poucos
                  a capacidade de imaginar
                  de construir
                  e atravessar pontes

                                             [pode ser só receio]



´aperte o play...aqui´

Um jeito de fechar os olhos

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para Amanda e Camila



´sem espelhos vi que estava nua.
e ao descampado se chamava Tempo.
por isso com os teus gestos me vestiste.
e aprendi a viver em pleno Vento.´

Sophia de Mello Breyner Andresen





sim. muitas coisas iludem um olhar distraído . porém, se você decide jogar  uma semente na terra você deve ter desapego. volte às vezes pra olhar pra ela, pra medir, saber o quanto cresceu. mas não vá sempre, assim, em tão curto espaço de tempo. você pode pensar na semente quando você estiver em sua casa. você pode sonhar com ela lá, feliz e firme na terra. você pode se preocupar quando cai uma tempestade do lado de fora da sua janela. [como será que ela está?] e talvez, quando você volte a semente nem pareça sua. talvez ela tenha um jeito todo dela, dentre todas as outras que cresceram ao seu lado. e você também não espere que ela te reconheça tanto, mas ela sente sua presença. e você sabe que foi você quem a plantou. assim eu penso que muitas vezes é com o amor de mãe também... tem esse mistério de se fazer entender, mesmo sem se explicar.





´ vão as minhas meninas
levando destinos
tão iluminados de sim....aqui ´

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Vestígios


levo   a esperança
para passear
sonhando com o que
não vejo

às vezes o vento aparece
que me tira a alma de tanto soprar!





'porque ele sabe passar, eu não sei ♫  ....aqui´

terça-feira, 2 de abril de 2013

Murmúrios voam em bandos....








não corresponde ao comum
não se encaixa
e na ausência do canto
passa o dia a escrever
nas folhas que o vento
leva e trás
nas paredes brancas
de espanto
no chão de coisas pequenas
quase esquecidas






(o vídeo é instigante, se tiver tempo....aqui)

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Corre bem [não sei ao certo]






 Como uma boa libriana  tenho pensado o quanto se desperdiça ao mergulhar no poço raso das certezas, discernir formas no escuro é um exercício constante de quem se lança ao invisível. 0 impulso do ser e criar é matizado pela liberdade, pela excentricidade e pela experimentação.  

Creio que incertezas (e dar novas formas a elas) é um tipo de aprendizado pela contramão, um caminho pelo qual o relevo de novas experiências pode, a qualquer tempo, jogar por terra nossos conceitos e plantar ideias reveladoras.  

É preciso muita atenção no dia-a-dia "o moto-contínuo" é um movimento em massa. é preciso escapar dessa engrenagem sem sair do coletivo. 0 individualismo é um cobertor curto e somos frágeis demais para vivermos sós.  

Como quem não aposta, como quem brinca somente, gosto de olhar meus olhos refletidos no espelho e constatar que já fui mais adulta.  Levo a vida tentando me desvencilhar dos meus truques,  quero me desmascarar,  ando pelo mundo perguntando por que não? 




´minha alegria...meu cansaço
eu vejo tudo enquadrado....aqui ´