segunda-feira, 30 de novembro de 2015

meu anoitecer redondo






tua pele não retém as horas
escorres, liquido
sonoro
quero reaprender o amor
na respiração de teu desejo
quero-me sentada 
nas pálpebras quieta
dos teus olhos
quero me renascer em ti
caroço e casca
seiva e corpo







terça-feira, 24 de novembro de 2015

Sobre a beleza dos começos


.....que o cultivo daquilo que somos e fazemos revele modos de sobrevivências em terrenos onde a aridez impera.



[ linda atitude Pearl Jam 
em Belo Horizonte:
a Banda doou o cachê dos ingressos vendidos
para as famílias atingidas  
pelo rompimento das barragens da
mineradora Samarco.
Inesquecível ]







 aguardo boas notícias
#rio doce um mar de tristeza

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

a voz das coisas que sei amar





Em momentos de mudanças e necessidade de decidir, dá vontade de olhar a vida desde o fim e ver onde isso vai dar ou qual o melhor caminho a seguir. Entardeço com saudades de quem eu não consegui conhecer. Não é de gente desconhecida, mas de gente que está na minha vida, que passa pela minha vida, mas que eu nunca conheci. Estranha a sensação de que estamos desperdiçando gente. Gente que podia fazer muito mais sentido, que podia ser mais inteira, ter mais histórias, mas que acaba tendo uma forma bem abstrata. Eu tento encaixar em algum lugar, mas é difícil quando as impressões sobre uma pessoa e uma relação lhe parecem tão superficiais e que qualquer tentativa de enquadramento seria por demais leviana. Ao mesmo tempo, existe um certo encantamento na superficialidade. Uma eterna áurea de mistério que em muitos momentos engana. É a leveza do que não tem raiz, não prende, mas também não surpreende. Você acaba acreditando que existe algo de especial naquela história, já que tem tanto tempo, tantas vontades, tantos momentos. Mas nunca foi mais fundo para saber de fato o que tem no sótão ou se é puro vazio. Ao mesmo tempo, mesmo que em pequenos fragmentos sutis de alma, acaba-se percebendo um pouco do que se tenta esconder. Medos, desejos, sonhos e sentimentos. E eu acho tão bonito quando as pessoas assumem suas emoções e, apesar das dificuldades que a vida impõe, enfrentam tudo para obedecer ao que o coração pede insistentemente. Como o mundo seria melhor se as pessoas ouvissem mais o coração.





terça-feira, 10 de novembro de 2015

Tem algo de amargo na doçura que fica do que se foi



para Jana

(...) ah vida surpreendente! com um sorriso triste suspirou sabendo que para ela era sempre a mesma coisa. quem chegava com o muito prazer, nas entrelinhas já se despedia. a vontade era nem dar-se ao luxo de deixar-se gostar. quanto mais gostar, mais dor ao despedir-se. sempre que alguém chegava com ares de eternidade, mais rápido seria em sumir sem deixar qualquer rastro a que ela se agarrasse, qualquer retorno que esperasse. era um vem e vai, sempre nesta ordem. e uma vez só.   não havia retornos, nem surpresas, nem gritinhos de alegria por ser surpreendida com uma brincadeira de esconde-esconde. quando menos esperasse - e conseguia surpreender-se a cada vez - alguém já se tinha ido. e ela entrava correndo, na esperança ridícula de ter sido brincadeira - e sabia que mais uma vez havia acontecido. quem sabe uma chave torta, uma senha ilegível, sons soltos de risadas distantes ajudam a decifrar um coração aos cacos??



Tudo em ti era uma ausência que se demorava: 
Uma despedida pronta a cumprir-se.

Cecília Meireles



alua girou