segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Quase à flor da pele




feito deusa com saia de jade
 nas entrelinhas do mantra
olhando o sol nascer de novo
com sua indiferença clássica
e astronômica
me diz, então
o que fazer com a
chama intensa
e o tempo urgente
que pulsam
na carne
e o exagero
de doçura
e o sabor atordoante
que latejam lá dentro,
que não cabem em si(m)??





sábado, 28 de setembro de 2013

0 pólen das descobertas








aprecio
as pausas
que me trazem
de novo
a vertigem veloz









Marés ignoradas.










com a alma tomada pelo entusiasmo a boca acaba proferindo idéias que seria melhor manter sob o manto da discrição. sozinha, numa mesa na praça de alimentação do shopping  ,divertia-se com a inutilidade das relações. casais que jantavam juntos em mundos diferentes, pessoas com suas parafernálias eletrônicas alheios a qualquer vestígio do real . um momento interessante, pois é ao mesmo tempo de revelação e de ocultamento [interessante e complexo]. com um sorriso irônico de canto de boca concordava com a máxima: antes só do que 


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Grão de chãos






a realidade insinua-se de mil maneiras  porém para quem se mostra inteiro o mundo mostra sempre a mesma face [ao menos é o que parece].  sei  que durante alguns instantes, tudo será fácil [esse instante de facilidade sobrevirá logo após tudo ser difícil].  o importante é  não se enfadar demais com as dificuldades e dar passagem às facilidade.  gosto de estar perto de gente que muda de emprego radicalmente, que refaz relações amorosas, os que abandonam vícios, os que perdem medos.  esses experimentam a solidão que só pode ser quebrada por outro que conheça essas experiências. 








´tem coisas que 
o coração 
só fala para
 quem sabe
 escutar´


quinta-feira, 26 de setembro de 2013

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Arremate de gestos novos





então você chega e cuida de minhas chagas, cuido das tuas [ no paraíso em que me perco].  o meu cheiro te acolherá com toques de lavanda.  depois, plantarei para ti margaridas da primavera e  no meu corpo somente você e leves vestidos, para serem tirados pelo total desejo de quimera.  sobre o  chão de pétalas  das nossas horas nos amamos em uivos, em dores, em apelo.










A repetir seus ardores





a tarde estava amena. pediu um cafe e observava o entusiasmo do casal na mesa ao lado  [é uma força que pode e deve ser aproveitada, pensou]  não é comum esse fluir com tamanha intensidade e despudor, em geral as pessoas preferem andar desconfiadas e cheias de reticências. nada a incomodava mais. aceitara viver exatamente dessa forma, apartada de todos. tornara-se uma estrangeira em sua pátria, uma estranha para familiares, uma lembrança distante para amigos.  as escolhas têm seus preços. saiu logo antes que a saudade  lhe amargasse a boca.


terça-feira, 24 de setembro de 2013

Algo Maior em andamento





0 equinócio de Primavera, segundo um astrólogo famoso  é mais um motivo de alegria para nossa humanidade.  por que?  0ra !  vai que  num momento de lucidez a alma decide tirar o véu que distorce a visão e se entregar com confiança ao que de sublime e maravilhoso está em andamento, que pode não ser nada além do que o trinado de um pássaro, uma folha caindo de uma árvore, o desabrochar de uma flor, um aroma, um instante fugidio de um raio de Sol se esgueirando entre as folhagens?   dizem que na pré-história, enquanto os homens iam à caça, suas mulheres ficavam nas cavernas com as crianças dançavam , cantavam e, assim, criaram a linguagem que nos diferencia de todas as outras espécies.  como se vê, a eloquência  das mulheres nasceu do mais autêntico tatibitate, do som se descolando do gesto.    por isso, senhores, há uma causa antropológica para o fato de utilizarmos cerca de 3 mil palavras para dizer a mesma coisa que vocês diriam com 1.500.   e a fala nasceu muito antes da escrita, muito antes que qualquer animal fosse desenhado nas grutas de Lascaux, muito antes dos hieróglifos.  acho mesmo que a fala nasceu da tentativa de uma canção de ninar,simples assim, numa manhã de primavera....









segunda-feira, 23 de setembro de 2013

domingo, 22 de setembro de 2013

Inaceitável é a exclusão.

kesler tran





no seu dia-a-dia tem percebido que a sua  visão da realidade está em franco processo de mutação e  tenta  fazer o possível para que ela se torne mais ampla, incluindo coisas e pessoas que em outros tempos teria achado inaceitáveis.

ali a beira mar, num disco antes raríssimo, daqueles de vinil que nem em sebo se achava, Tim Maia cantava a pleno pulmão:

oh Bela, faz a primavera
assume o teu condão
oh Bela faz da besta-fera
um príncipe cristão...♫






agora tenho o CD. Tim Maia eu conheci num voo. faz tempo.
muita coisa aconteceu.

mas continuo meio besta, caçando primaveras.

o príncipe?? acho que de tanto ler a literatura zoroastrista 
virou duende...rs


melhor se proteger com a verdade mais verdadeira possível.

sábado, 21 de setembro de 2013

Matéria-prima não falta, bons usos tampouco



 decidiu deixar o dia fluir. pensou que melhor que lavar a alma é secá-la ao sol, balançando na brisa.  claro, vincos não têm remédio, mas os remendos se perdoam e até o esgarçado tem seu charme quando se despe a armadura. este é um daqueles momentos em que seria melhor resistir à tentação de intervir nos acontecimentos.  quando é primavera e o que é vivo desabrocha no deserto, tem gosto de milagre sempre.













sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Choverá em algum lugar...








acordou  pensativa. sentia este ser um raro momento em que se poderia desintegrar conflitos de velha data, superando assim estagnações [ que traz resultado contrário ao esperado] . agir com tato e boa vontade será crucial. insistindo em responder perguntas nunca feitas, ela acabou descobrindo respostas para sua imensa solidão. pediu uma pizza.










Dança da solidão by Marisa Monte on Grooveshark

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Sina é assim: leve ou não, vamos levando









Da janela vejo a torre. mais além a linha das casas de todas as cores e a imagem reduzida de um gato andando sobre um telhado. fiquei imaginando se todos os gatos da cidade saíssem ao mesmo tempo, teríamos um mar de plumas ondulantes e a visão dos seus rabos espetados como antenas. sempre me pergunto o que captam. as tendências do clima? humores? sinais extraterrestres?  prefiro a cena mil vezes a ver o vergonhoso noticiário político ou ter pensamentos sombrios que me tomam nas manhãs sem sol. um gato é um gato. e eu não sou Sophia . mas envio beijos e uma flor para alguém muito além dos telhados....




Casa no Campo by Elis Regina on Grooveshark

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Pelo caminho da atenção


....
o pensamento vai além
do que nossos olhos podem ver
e o amor que quer se superar
 tem sede do seu oposto
a pedra que quer ser flor
a flor que quer ser bicho
o bicho que quer ser homem
o homem que quer ser deus
o deus que é pedra

e silêncio...
....

[vã filosofia]







o amado diz à amada: 
se não fores quem tu és, 
como poderemos nos encontrar?

Salomão em  Cântico dos Cânticos



terça-feira, 17 de setembro de 2013

A leveza de não ter medidas



muitas vezes se viu sozinha esperando pelo seu retorno, tal qual a Penélope da Mitologia grega. aproveitava para lembrar de seu rosto que quase sempre é tenso, vigilante e passa da agitação a sensualidade feito um gato. tem cara de quem pode morder. no entanto, onde poderia haver apenas saudade, solidão e estresse , eles perceberam  a dádiva de poder renovar constantemente seu vinculo, olhando um para o outro sob diferentes  prismas , nas longas conversas transportando-se aos sobressaltos para a infância, a adolescência e a juventude de ambos.  aos poucos ela desvenda o homem que ama e através da força das mudanças de perspectivas , percebe que, de qualquer ângulo, ele é responsável por alguns dos momentos mais especiais de sua vida.





Muda a expressão, muda o movimento, muda tudo












´ser, é ser percebido.
e assim,
para conhecer a si mesmo
só é possível através dos olhos do outro.
a natureza de nossas vidas imortais,
está nas consequências de nossas palavras e ações,
que vão, e estão se esforçando à todo instante.´













A Viagem (Cloud Atlas, 2012) é um desafio ao lugar-comum do gosto mediano de uma audiência acostumada a receber tudo mastigadinho para não ter que pensar. Uma colagem de gêneros cinematográficos que se encaixam através de personagens que se encontram em momentos distantes da história humana. É fluido, complexo e filosófico como se esperava de um filme dos irmãos Wachowski (Trilogia Matrix, V de Vingança) . O filme segue seis histórias que vão e voltam no tempo, com personagens que se cruzam, desde o século 19 até um futuro pós-apocalíptico, cada um deles narrador de sua história, de um simples viajante no Oceano Pacífico em 1850 a um jornalista durante o governo de Ronald Reagan na Califórnia.  A Viagem não te pega pela mão e te leva do ponto A ao ponto B. É você quem precisa estabelecer a sua linha do tempo, reconfigurar os eventos e chegar a uma conclusão. E isso pode ser bem interessante para organizar a sua própria noção de como (e porquê) as coisas acontecem entorno de você, na sua vida, no passado, presente e futuro. É possível extrair uma boa experiência dessa tentativa  de elevar a consciência comum e distraída entre goles de coca-cola 
e punhados de pipoca....








segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Só um de cada vez











OM - Purifica o corpo
MA - Purifica a palavra
NI - Purifica a mente
PAD - Purifica as emoções
ME - Purifica as condições latentes


HUM - Purifica o véu que encobre o conhecimento















eu diria que ainda trago a primavera nos olhos, coleciono palavras, sei rezar e vivo criando decretos para mim mesma.  não, descobri nada e nada inventei, apenas estou tentando implementar o que me ensinam e descobri que andava adormecida. então, comecei por dizer de uma forma clara a palavra referente ao instante que estava vivendo, por exemplo: se estou caminhando ,digo calmamente e conscientemente “caminhar”, se estou escrevendo digo  “escrever”, se estou descascando um abacaxi , digo  “abacaxi” e sinto seu cheiro. sempre fui avessa a rotina. mas tenho percebido que muitas vezes faço as coisas no automático. creio que pelo fato de que todos nós somos bombardeados por tantos estímulos, a nossa mente salta incessantemente de assunto para assunto e facilmente nos distraímos. a diferença entre dizer estas palavras e simplesmente fazer o que sempre fazia, reside no fato de que, de repente, estava plenamente presente e desperta, como se estivesse fazendo todas aquelas atividades pela primeira vez, inclusive os meus olhos estavam mais focados e concentrados no instante, sem pensar nem deambular por outro assunto, só um de cada vez.  a sensação é interessante  de estar observando  o que se sempre se viu mas afinal não se viu. dificilmente as palavras fazem justiça ao que se sente, se aprende ou se descobre. por isso  aprendo a viver o instante aqui-agora.  aprendo contar minhas bênçãos  e depois, sei agradecer...





domingo, 15 de setembro de 2013

Já não era sem tempo



a cidade em que me encontro me abraça com becos e portas. estou em valsa lenta, ao sabor do sol e do mar. um dia diferente. de viver intensamente cada minuto, devagar. dar conta do que é belo e apreciar. ver o sol, ver a água, sentir o movimento do ar, apreciar a calma que a vida tem para dar, descansar do buliço, repousar dos demais. cansar a alma de repouso, num entardecer cintilante. esticar cada vértebra, puxar os membros ao infinito. relaxar .  quem vier, que venha de mansinho,que sente e observe as ondas que passam devagarinho. pois, bendita seja a teimosia do mundo que insiste em dar rasteira em quem pensa que desta vez o mundo caiu....

sábado, 14 de setembro de 2013

Alguém trouxe



tinha dormido a noite de um sono são, contínuo.  um pássaro canta, distante.  outro - diferente - gorjeia. silêncio. agora vários.  silêncio é modo de dizer. mesmo aqui no alto sussurram motores, pneus, mas isso nem conta. já esses passarinhos, invisíveis e distantes, contam tanto. 
devo estar sorrindo levemente.









sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Nunca mesmo o sempre passo











o vento
acelera o tempo,
recuso-me acompanhá-lo
neste impacto da natureza,

é propriedade privada
   sem apreensão,

imprevisível.



quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Amar é ainda ar

se soubesse da estranheza do mundo como tanto me falava e só agora depois das muitas quedas fui descobrir, não teria saído daquele sonho. lá há um jogo de espelhos que me permite a visão de outros mundos, passagens para a Índia de onde nos contemplam os amores tântricos. isto mesmo, por enquanto não me toque. não se assanhe. apenas me deseje como se o olhar percorresse cada poro, e as carícias fossem um véu suave que cai escorregando nos sentidos. há poucos elementos neste sonho (fogo e ar) mas todos respiram harmoniosamente.  um antúrio é a flor escolhida para ficar à contraluz, com silhueta elegante e sem espinhos. apenas uma pétala vermelha a enrolar-se sobre si mesma, como serpente acetinada, cravada por uma espécie de haste amarela. deixo a flor ali como testemunha, capaz de durar até 60 dias, ou nove semanas e meia, tempo suficiente para se viver um amor de película , não acha? já tive amores rosa chá . mas esta paixão é inteira como as maçãs, colhidas num fim de tarde ou na manhã azulada, quando abrimos a janela para respirar, enquanto deixamos suspiros entre o futon e o tatame. gemidos tomam o lugar de uma canção exótica, assobiada por um marinheiro que passa rente à casa, nos advertindo do movimento do mundo. mas quem quer saber do mundo no espaço tântrico de um quarto zen?  algodão e rabiscos. caprichos e mosaicos.
entre nós
o êxtase,
 não se esqueça,
 só o êxtase ....







Jade by João Bosco on Grooveshark

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Valha o paradoxo






nada pode ser acelerado, tudo tem seu ritmo inerente.  naquela noite enluarada tudo o que eu fui se avistou. mas sem romper a cortina. não há cortina. é tudo emendado e eterno. vou como se puxasse a mim própria, e me deixo puxar para fora da clareira anterior. não me sinto desdobrada. estar dentro de algo já não implica estar fora do resto. no entanto, entrego-me a esta coisa de agora, tão morna e submarina, deliciosa síntese do meu cansaço e do meu descanso. lentamente me dissolvo na semente que me gerou. sei agora o que sempre soube, mas não ousava.      movimentar-me com abertura mental e sensibilidade  é o melhor no momento pois com tudo que anda acontecendo os questionamentos não ajudariam muito agora....


terça-feira, 10 de setembro de 2013

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

E há o mundo, que é redondo!






    nos dias que passam e no sol que se põe, afirmo, provo e comprovo que o companheirismo  se enfeita de atos e raramente de palavras.   penso que se eu tivesse juízo, não pensava mais em amor.   mas eu gosto tanto. sou riquíssima em perdas e delicadezas. sei que não sou a única, mas rios delas correm dentro de mim. e a nascente dos sentimentos, apesar de tudo, não seca. e na foz das palavras quantos versos, quantos cantos, quantos encantos, quantos sussurros.  mas, como eu dizia, se eu tivesse juízo, não pensava mais em amor. pensava numa vida prática, tudo nos seus lugares, sem esperanças nem ilusões. apenas a vida, a vida como um riachinho, onde a gente afunda os pés, só até os tornozelos.  mas eu irremediável que sou sempre quis o oceano, navego muitas vezes sem farol, a esmo, correndo o risco das águas profundas. acho que  nasci marinheira. marinheira e escrevinhadora.   na palavra, e só nela, encontrei a redenção das delicadezas doídas, tatuagens diáfanas do meu espírito sempre inquieto...




Viver fora do Tempo

Photobucket



hoje escolhi
saltar fora do Tempo,
pois ele me distrai de
viver intensamente
o momento.


[lendo compulsivamente
-Lágrimas da Rosa Mística-]



domingo, 8 de setembro de 2013

Um frescor renovado


busco prazeres simples para que um dia  não degringole em relacionamentos complexos ou discussões estéreis. já faz um tempo, ando imaginando o amor não como um fogo que se consome, mas como um núcleo fogoso e imantado em torno do qual, para que não se consuma ou morra, podemos colocar camadas geológicas, reinventando o amor à medida que o tempo passa com exercícios de criatividade nas relações. será que assim, poderemos proteger o núcleo e inventar invólucros, chamas, fogueiras que ardam, proporcionando ao amor a proteção e a redondeza da Terra? porque o amor deve ser redondo, as coisas importantes da vida são, como os ovos, as bolas e as barrigas grávidas. pensando assim, o amor nunca seria quadrado, não acha?


Deslizando pelas mínimas pistas





no quarto,
sem reserva,
o desejo adentra
quando amanhecendo
sua voz (outra vez)
me penetra.
pretéritos nós
que o tempo,
atroz sujeito,
conjuga no presente
quase-(im)perfeito.
 somos pessoas plurais
de um verbo singular
em suas formas (i)nominais
e modos imperativos de declinar
e me reciclas
− imagem surreal −
quando traça em sua vida
meu retrato ideal.
e eu (te) lembro depressa
que você brilha e
me ilumina quando
me visita por dentro

sábado, 7 de setembro de 2013

Antes que o dia tocasse de leve a superfície da aurora


inventar é necessário, pois repetir as fórmulas que deram certo no passado não garantiria, no momento atual, o mesmo sucesso. criar é essencialmente bom. atrever-se a inovar e, principalmente, praticar o que for insólito pois uma vez que tiver vivido um pouco, você descobrirá que o que quer que envie ao mundo  voltará para você de um jeito ou de outro. pode ser hoje, amanhã ou daqui a anos, mas  acontece [geralmente quando menos se espera e de uma forma bem diferente da original]. esses momentos de incríveis coincidências que mudam seus conceitos parecem obras do acaso na hora, mas não acho que seja isso. ao menos é como as coisas têm sido na minha vida. e sei que não sou a única....
.
.
.



Quis pegar
entre meus dedos
a manhã.
Peguei o vento.
|Manoel de Barros -
Compêndio para uso dos pássaros|

O dia em que o header sumiu!










Lá em casa, eu adorava ver meu pai destacando da "Folhinha do Sagrado Coração de Jesus"  e lendo em voz alta os pensamentos e o nome do santo do dia. Depois, quando adolescente eu gostava de saber as origens e os significados dos nomes das pessoas. Os almanaques traziam essas curiosidades, e era neles que muitos iam buscar inspiração para batizar os filhos. Procuravam significados e sons que funcionassem como um bom presságio. Hoje, qual o sentido de nomes que se vão fundindo por aí?: Francisbel, Francislene, Richarlyson... Sim, há nomes antigos que são fusões, como Marinês – mas são fusões eufônicas, consagradas. Por que inventar coisas esquisitas? Precisa?  O sobrenome Sarney, dizem, foi invenção: juntaram o som do inglês "sir" com Ney. Sabe-se lá. Parece explicação para forró, que, segundo alguns, seria como os nordestinos entendiam o "for all" dos soldados americanos acantonados em Natal durante a II Guerra.

Na literatura é diferente. Autores inventam para suprir, para exprimir o que não encontraram escrito. Você não acha no dicionário a palavra sagarana. Guimarães Rosa a inventou depois de procurar muito tempo um título para o seu primeiro livro de contos. Juntou a palavra nórdica "saga" (radical germânico, de significado próximo a epopéia) com o sufixo "rana", do tupi, que significa à maneira de, ou com jeito de. Sagarana: à maneira de epopéia.


Na verdade o que eu queria  era reivindicar ao blogger o meu header [o nome "fiapos de Sonhos"] que hoje misteriosamente sumiu do cabeçalho e não ha meio de traze-lo de volta. Alguém saberia me explicar este fenômeno??? ( consegui de volta quando coloquei uma imagem de fundo). Ainda não entendi....



( para quem gosta , achei a Folhinha Virtual do Sagrado Coração de Jesus   aqui)




sexta-feira, 6 de setembro de 2013

E o sol do que olhou para sempre o aclara






há coisas que não fazem sentido. há coisas extraordinárias. há coisas que nos alteram a direção, apesar de não fazerem sentido. como são os teus dias, a tua paz sem regresso? sei a clareza dos teus gestos, a eternidade do indizível, mas não te sei inventar sem ritmo, sem pulso, sem toque. para saber se o mundo se acende. para saber se o desejo é breve, preciso de saber como são os teus dias,a tua respiração no silêncio. como são os teus dias, a tua dor contra o meu peito? sim.  há coisas que se sentem muito.







É uma música que já ninguém ouve





as aparências enganam
aos que odeiam e aos que amam
porque o amor e o ódio se irmanam
na fogueira das paixões
os corações pegam fogo
e depois não há nada que os apague
se a combustão os persegue
as labaredas e as brasas são o alimento
o veneno e o pão
o vinho seco
a recordação
as aparências enganam
aos que odeiam e aos que amam
porque o amor e o ódio se irmanam
na geleira das paixões
os corações viram gelo
e depois não há nada que os degele
se a neve cobrindo a pele
vai esfriando por dentro o ser
não há mais tempo de se aquecer
não há mais tempo de se esquentar
não há mais nada pra se fazer
senão chorar sob o cobertor
as aparências enganam
aos que gelam e aos que inflamam
porque o fogo e o gelo se irmanam
no outono das paixões
os corações cortam lenha
e depois se preparam para outro inverno
mas o verão que os unira
ainda vive e transpira
ali nos corpos junto à lareira
na reticente primavera
no insistente perfume
de alguma coisa chamada
amor




[versão de Elis Regina
porque  cada um tem a sua
eu também faço questão de ter a minha]


A gente arruma o relógio, o tempo, o espaço








ando com coração como as velas de um barco na sua Odisseia de Ulisses, ilha incendiária e latente ,mil e um graus de calor invadindo os sentidos . houve um tempo em que eu tentava me esconder de mim, noutro eu me escondia dentro de você nesse, deixo tudo à deriva eu, você, nós . agora, no silêncio [em que ambos estavam], o vento abriu suas portas, relaxou a alma e o corpo, e não soube quanto tempo se passara pois tinha se entregue a um profundo e cego devaneio que o relógio não interrompia.












quinta-feira, 5 de setembro de 2013

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Feito em fios



quando o meu corpo começa a adormecer lanço-me assim como o voo dos anjos e, suspensa nos ares das nuvens, minhas asas se fortalecem. gravito como os astronautas.  tenho sede de ir mais alto, aos arredores da lua e de suas vilas abrigadas em crateras em sua brandura lunar.  pernoito hotéis estelares.  para o cansaço das horas, me desfaço das penas e molho de chuva meus sonhos secretos. durmo, sobre um pálio azul e meu corpo é puro devaneio de céu. meus encantos sutis de fêmea e ave, agora planam num sonho voador nas cercanias do teu mundo tão longe e perto de mim. sou livre para a busca do meu amor de lonjuras. pouso à tua porta para que me abra a luz da tua casa, do teu quarto, da tua cama.  meu voo não tem hora, nem passagem, nem permissões de tráfico celeste e, assim fico ao calor que me aquece perto das tuas mãos que me passeiam. fico horas assim, no proveito amoroso das tuas ousadias, esquecida do tempo, esquecida da minha metamorfose de ave.

.

A pesada leveza









´ela seguiu devagar, demorando-se muito,
como se houvesse algum obstáculo no caminho;
e, no entanto, como se, superado este,
já tivesse passado do estágio de andar, e voasse´.

--de Perdendo a visão,
Rainer Maria Rilke
















há coisas que vêm junto....




[no passar dos tempos
no abandono das gentes
rasga-se o tecido
que a sustenta]




terça-feira, 3 de setembro de 2013

Desabit[ação]






sim, eu já aprendi que o que somos de verdade e o que queremos de fato, só nós sabemos. só nós. mas às vezes preciso que me mostre também como abrir os braços para receber o mundo, para acolher as agruras sem espantos, para me servir das delícias sem os vícios e para sobreviver às tristezas sem as desesperanças. e quando não souberes, inventa. inventa um mar de água morna, uma cama de rede que me guarde os sonhos. estica os dedos e molda uma realidade pintada com as cores que tu escolheste só para mim. deixa os pontos de interrogação para quando eu conseguir pôr os pontos nos is....


segunda-feira, 2 de setembro de 2013

E correrei os riscos de estarmos juntos no mesmo plano








 há inquietação. o espírito de aventura se faz presente clamando por satisfação. talvez não haja oportunidade imediata para saciá-lo, o que ocasiona um frenesi de imaginações .  por onde ando o tempo tem várias cores, algumas vibrantes outras nem lembro [essa falta de cor, porém, eu sei de cor]. tempo sem direção mas creio haver um sentido [segredo entrelaçado em cada linha que traço].  a soma das questões que deixei abertas, o peso de tudo o que pressenti é o meu legado a peso de vento. entrou setembro trazendo  tempo de lavrar solos e abrir espaço para que venham primaveras...