sábado, 27 de fevereiro de 2016

. seja unção e fervor

















ante o explícito mistério
 e a crua convergência de todos os ais.
eis-me com sede eterna.
suspensa.
 na boca aroma de fruta madura .
perpetuamente.
entre a busca do gesto e o retorno.




(para M)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Na pele do silêncio
















há um cotidiano surdo caminhando estremecido pela impudica poesia.  a lua tornou-se minguante.   há instantes longos deitando-se sobre o agora onde o chão da eternidade inteira persegue o brilho disponível no meu mar enquanto um banco de areia espelha o retrato da espera. há o tempo.    há tempos.    não anoitece ainda...





quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Tem aquela eterna madrugada que lateja novidades






















quanto mais avanço , mais nítido fica o que deixo pra trás.  esses ecos vêm de dentro, bem lá dentro, das minhas catedrais e galerias, dos meus teatros desertos e seus túneis secretos por onde sobe um vento fresco, límpido, que me sopra o rosto quando me aproximo da fonte  e dança sorrindo em torno de mim.









'eu não espero pelo dia
em que todos
os homens concordem
apenas sei de diversas
 harmonias bonitas
 possíveis sem juízo final… '
Caetano Veloso

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

cada língua dá um nome para o que dá água na boca















você e eu
minha novelinha preferida
de um capítulo só 
aos primeiros raios do dia,
no lânguido movimento de renascer...

[enredo tipo "se te pego não te largo"]








domingo, 21 de fevereiro de 2016

de tanto céu


















num tempo qualquer pra chegar a terra incógnita eu segui astros e lábios, segui sons refletindo a luz da tua iris e soprei de dentro do peito o excesso de terra firme. fora isso, durmo entre parenteses onde os fios das minhas teias tem laço, corda-bamba. sobraram fios de luz, que mantem à flor da pele os rios que me correm fundo e meu coração nas alturas. meus dias, quando muito, têm pausas onde eu respiro....









sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

devolve-me o desejo




















tão fora do eixo dos meus dias
podias ter acendido uma estrela
brilhante, nova, tão nova

fecho a cortina que me
tapa a luz da noite
apago o último suspiro
devagar, tão devagar.

podia ter me amado
na luz do luar
como quem acende
 uma estrela

 fecho os olhos e
apago a luz
longe de mim
cada vez mais perto de ti




quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

um desvio no olhar



.
.


 como se não existisse forma lógica, às vezes me arrastando, saio assim de mim, na tentativa de inventar um novo silêncio que se estenda até à música, que será tudo o que levo, ao fechar-me comigo, trancando-me por dentro, elevando-me aos céus, para que saibas que é choro, quando a chuva te refrescar o rosto cansado por tanto que me procuras...
.
.





quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

envergada pelo vento








absolutamente
ela coleciona sonhos
vive de suspenses
demasiadamente
viciada em palavra
em tudo que degenera
 e ressurge






segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

dividir destino....




para cruzar minhas
catástrofes internas,
meus infernos,
prendo a respiração
mas....
inferno mesmo é não cruzar nada
que me tire o fôlego




sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Do desejo e o suspiro





(...) tudo começa em idéias.    ''se quiser mudar alguma coisa em sua vida, idealize bem o tipo de mudança'', era o status da amiga.   ela tinha duas possibilidades para sua vida: partir ou ficar.  a  dúvida a consumiu aos poucos. uma dúvida quase parasitária [nada dê por sabido, questione suas certezas, porque em cima dessas a realidade se manifesta, sem tirar nem por dizia a amiga virtual].  pois bem,   das duas alternativas restou apenas uma terceira: morreu estagnada....




[das conversas em off]



quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

atos falhos nunca falham





por fora, sou uma doce amora
calma e agradável
sem nenhuma pressa,
 só esperando o tempo
da colheita



quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

na ponta dos dedos…









vem cá . feche os olhos. eu necessito conversar contigo com a ponta dos meus dedos.  conversar com  a boca e língua.  não digo nada. só necessito que te venhas
dentro de mim...





terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

em tudo toda segredo







neste lento talento de vazamento de tristeza eu reverdeço indecisa e ardente .  não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.  quero conhecer a minha luz .  não sou a destruição cega nem a esperança impossível. espero ser aberta por uma palavra .fortifico  nos sóis dos recomeços .







segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

para o milagre do fogo






Quem em todos crê erra;
e quem em nenhum não acerta
...
Não bebas coisa que não vejas, e
nem assines carta que não leias
(provérbios gregos)




´
É fato que relacionamentos humanos são complexos por definição, não se pode continuar se iludindo crendo que 0 caminho seria facilitado se tal ou qual pessoa influenciasse positivamente nossa vida. Pessoas são complicadas e complicam. Os dois provérbios citados falam de confiança e nem sempre é fácil lidar com este tipo de situações. Como diria Buda, 'é no meio que se encontra a virtude', porque pode ser uma faca de dois gumes. Temos que confiar nos outros até certo ponto, mas o essencial é acreditarmos em algo Maior.   Depois, é olharmos para nós próprios e seguir o que a nossa consciência e coração dizem.







sábado, 6 de fevereiro de 2016

puzzle diário





os meus pensamentos, quando grávidos,
dão à luz entrelinhas
minhas palavras quando férteis,
semeiam maré alta.





sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

porque em mim alguma coisa me atrasa e outra me adianta



a observação desapegada de tudo que compõe o mistério da existência servirá para que eu possa recompor o quebra-cabeça existencial e me dar um sentido maior e melhor.   quando algo novo surge, surge também, em mim, a sensação aliviadora do desapego aos acontecimentos anteriores e já envelhecidos.   uma lista de ordens já ficou bem longe [nunca estiveram por aqui] .   tenho convivido com recentes novidades e eminencias.   a vida muda. a casa é a mesma, as mãos, o corpo, tudo igual, porém minhas suspeitas são outras, tomam o caminho dos fatos.  a realidade é mesmo um incômodo, para mim sempre foi, mas agora flerto com ela, faço pedidos e os desejo com vontade.   vontade de pisar num chão bem firme e gostar.   vontade de mudar costumes e planos mortos.   o ambiente cósmico propicia, o que significa que se praticar a renovação, os resultados serão visíveis de imediato. então que a mão voraz do tempo se encarregue de dissipar medo e receio.   vou ouvir vozes durante meu sono, me apegar ao que ainda não pude.   viverei de novo aos gritos....