domingo, 28 de setembro de 2014

a emoção é vestida de alvoroço


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acordes diatônicos na garagem ao lado
cobre-nos na tarde um céu de trovoada
em silencio penso nos intervalos de semitons que me estremecem
as bocas mordem-se por entre palavras aparentemente vãs
os rostos desenhados
sem que  o aparo se levante  sob feixe de luz
sem que o olhar interrompa
o desejo áspero e intenso.











sábado, 27 de setembro de 2014

as estrelas falam perto de mim

Tudo que eu não 
invento é falso.

 Manoel de Barros 





eu amo vento. acho poético. e ao mesmo tempo sinto que posso arremessar as verdades que me doem e as palavras que ferem. é. sou intensa. preciso me ver em tudo o que faço. tudo o que chega até mim precisa ser assimilado, degustado, digerido, precisa fazer sentido. caso eu não encontre o tal sentido em mim, na minha vida, no que está à minha volta e se confunde comigo, não sou eu. não dá pra ser mecânica, nem sempre dá pra ser apenas profissional e seguir as regras, eu preciso me ver ali, preciso gostar de alguma coisa, preciso construir a minha própria verdade, preciso me reinventar e sempre inventar coisas novas e sentidos que façam algum sentido. tem que ter alguma poesia desenhada, alguma verdade colorida, tem que ter um sentimento que aflora e cresce e domina tudo e me domina porque eu estou em todas as coisas que eu invento e fora disso é tudo muito falso. e tudo será inspirado pelo amor. mesmo que não pareça será. eu me sinto bem assim .





segunda-feira, 22 de setembro de 2014

e começa tudo de novo....




é primavera
e em ti deságua
meu (uni)verso
líquido
que insípido
te confunde
com a minha rima
sem limite
que eu c(r)io
no balanço
das pernas
em laço
seus braços
seus dons
é primavera
apre(cio)
certas indecências
seus silên(cio)s
sobre minhas
saliências
cada vez que
me provocas
sem limite
do seu mapa-múndi





domingo, 21 de setembro de 2014

....d e s e j o.....










um amante conhece apenas a humildade, ele não tem escolha. ele rouba em seu jardim, à noite, 
ele não tem escolha. ele deseja beijar cada mecha de seu cabelo,  não se preocupe.   ele não tem escolha no seu amor frenético para você, ele anseia para quebrar as cadeias de sua prisão.  ele não tem escolha a amante pediu ao seu amado você se ama mais do que você me ama? amado respondeu: eu morri para mim mesmo e eu vivo para você já desapareceu de mim  e meus atributos eu estou presente       só para você eu esqueci todos  os meus aprendizados mas de saber que eu  me tornei um estudioso perdi toda a minha força, mas a partir do seu poder que
eu sou capaz 
eu me amo... eu te amo 
eu te amo... eu me amo 
eu sou o seu amante, venha para o meu lado vou abrir o portão para  o seu amor venha morar comigo, vamos ser vizinhos das estrelas você se escondeu por tanto tempo,  infinitamente à deriva  no mar do meu amor mesmo assim, você sempre  esteve conectada a mim oculto, revelado, no desconhecido,  no não-manifesto eu sou a própria vida você tem sido um prisioneiro  de um pequeno lago eu sou o oceano e  sua inundação turbulenta venha fundir comigo deixe este mundo da ignorância esteja comigo, eu vou abrir o portão para o seu amor eu desejo a você mais do que o alimento ou bebida meu corpo meus sentidos minha fome mental para o seu paladar eu posso sentir a sua presença em meu coração embora você pertence a todo o mundo espero com paixão em silêncio por um gesto um olhar seu







[dois sentidos que 
ao cruzar-se
restituem o presente
até a ausência 
desde a qual
o teu corpo se desfaz ]

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

deslizando pelas mínimas pistas







no lugar-comum
do meu corpo
com teu concreto alicerce
você ergue um
poema novo
e edifica minha
sólida prosa
na pequena vila
onde tua rima mora
e assim me ilumina
quando me visita
por dentro






quinta-feira, 18 de setembro de 2014

o sentido se faz

“Blessed are they who see beautiful things in humble places where other people see nothing.”
Camile Pissarro




a manhã corre mansamente
como se todas as palavras tivessem sido ditas
e a eternidade envolve devagar
a nostalgia dos traços que componho.

estendo a mão  sobre a água antecipando invisíveis sulcos na superfície lisa.



o que  às vezes pesa,
'é a distância infinita
entre a vida que se pensa
e o pensamento vivido'









- O resto é perguntar à natureza -
se a noite vai além da madrugada
 Antonio Botto 





terça-feira, 16 de setembro de 2014

perdi o pé pra terra firme




   (..) afeto para o pensador holandês 'baruch-von-espinoza'  está ligado com a alma e a afecção com o corpo. logo, alma e corpo estão numa mesma eminência, um não separa do outro.  amor que amarra e desamarra, torna o corpo diferente o tempo todo para as mudanças pelas quais passam as coisas.
e a emoção será costurada a partir dos afetos??
dizia-se ainda, que ao carregar ou inalar lavanda permitia-se que se visse almas com sedosas pétalas amarelas e apresentava duas asas duplas de borboleta.
a loucura é a borboleta preta (rs).
que se avistem  passiflora, peônia,  flores amarelas.
em dias assim esquisitos o bom é ficar  entre a resplandecência de suas folhas já que a borboleta é fruto de uma metamorfose, vem de uma lagarta, vai para o casulo....

'são promessas de vida em seu coração'

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

suspiro profundo, maior do que o mundo

Foto: saudades do meu pai com sua velha máquina de escrever.
adorava aquele barulhinho vindo da sala e seu jeito concentrado.
era tudo.
lembro-me também do cheiro do corretor, que saia da ponta do pincel sempre pronto a atuar quando a letra era a errada. ali tal como na vida havia sempre uma solução à distancia de um sopro para tudo ser mais rápido. gostava do papel carbono  ele marcava  mais as sensações. o pensamento. o silêncio e o turbilhão da  mente... e o cartucho levou o que pôde apanhar ou deixou o que soube largar??
 gosto de máquinas de escrever. principalmente a tua pai que tenho comigo.





saudades do meu pai com sua velha máquina de escrever. adorava aquele barulhinho vindo da sala e seu jeito concentrado.  era tudo  .lembro-me também do cheiro do corretor, que saia da ponta do pincel sempre pronto a atuar quando a letra era a errada.  ali tal como na vida havia sempre uma solução à distancia de um sopro para tudo ser mais rápido.  gostava do papel carbono ele marcava mais as sensações.  o pensamento. o silêncio e o turbilhão da mente... e o cartucho levou o que pôde apanhar ou deixou o que soube largar??  gosto de máquinas de escrever. principalmente a tua pai que tenho comigo.





domingo, 14 de setembro de 2014

sábado, 13 de setembro de 2014

desamarrados do tempo, soltos, demorados ....




(..)venho notando que os estados de ânimo andam muito voláteis e não poderia ser diferente, já que coisas surpreendentes acontecem numa frequência nada habitual. porém, só os meus olhos conhecem os prazos tecidos na minha mente. nem tudo o que eu sonho irá se realizar, mas nem tudo irá cair por terra. sim, tenho passado por dias estranhos. dias longos. dias que se arrastam. dias que se entranham nos meus ossos como setas. agudas. noutros como num passe de mágica, os dias são refrescantes; surgem do nada para me mostrar que nem tudo é ruim. então, sorrio. fecho os olhos por segundos para ver a realidade. a minha, a nossa, tudo o que me rodeia. não ando distante, nem ausente, nem sequer presente. tenho vivido. fixo-me num calendário imaginário. preciso sempre  do sonho, dos gestos exatos da  nossa alegria...



sexta-feira, 12 de setembro de 2014

tentarei o voo exato das aves idealizadas num tempo




era o entardecer
tudo estava silencioso,
a não ser por alguns
pássaros...








...não ha porque se temer a ausência
só fogem as coisas atrás das quais
não se pode correr








quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Interser






nada sei sobre
o começo
que recomeça
a cada momento





[vamos começar
a contar histórias 
sem fim?]



quarta-feira, 10 de setembro de 2014

outra flor brotaria....

| meu tempo
em movimento aleatório
paira além do eixo.

eu? deixo |







acho que com o tempo, os personagens que nossa humanidade inventa vão se transformando em fardos pesados, que limitam os movimentos e impedem as necessárias transformações. e se eu não sei como me inserir ; as cadeiras, o abajur e a mesa estão muito mais imersos que eu ( já os invejei por isto). mas em mim hoje, plaina Snatam Kaur, e com o chá de alecrim, uma alegriazinha sutil uma não-tristeza por não pertencer.   sei, é de dentro a nascente perene a interação entre o ser e o outro e entre este mesmo ser e o mundo. e eu por isso, por hoje,sigo à parte. por escolha, por não sentir parte, por não saber como. mas estranhamente feliz
(como estranho seria se fosse)









'no paradoxo 
da contradição
vivo intensamente
minhas convicções
sem medo qualquer
do que encontro
ou remorso
pelo que
deixo pelo caminho.
disparo na direção incerta
com a certeza de quem
não sabe onde vai chegar
cheio de uma liberdade
que só habita
a quem entende que o fundamental 
é trilhar a vida com carinho .
e se antes morria calmamente
quase escrevendo aqui jaz
hoje respiro fundo
e deixo que meus dias restem em paz.'

orlando bona filho



terça-feira, 2 de setembro de 2014

quando já não cabe mais a reticência...








Estar sempre alerta. O que precisamos estar é alerta . Tudo está bem a nossa frente . Nossas ilusões, nossas expectativas sobre as pessoas podem nos cegar (quase sempre podemos saber o final pela forma como começa).Mas (se), com a mão no coração e enxergando o panorama amplo com profunda honestidade, a alma perceberá  que não há motivo de preocupação. Na prática, todas as preocupações e ansiedades são sempre alimentadas pelo egoísmo...não é assim?






segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Mas não deixam de ser dois








Vivia a te buscar
Porque pensando em ti
Corria contra o tempo
Eu descartava os dias
Em que não te via
Como de um filme
A ação que não valeu
Rodava as horas pra trás
Roubava um pouquinho
E ajeitava o meu caminho
Pra encostar no teu

Chico Buarque




'e cruzam-se as linhas
no fino tear do
destino'