quinta-feira, 27 de novembro de 2014

não pense que o mundo acaba ali aonde a vista alcança



  eu só quero afetividade e a sua antiga arquitetura. a paisagem que tranquiliza o espírito.   a plenitude é um mistério de peles que se reconhecem sem questionamentos.   o amor é muitas vezes o Nirvana da espera silenciosa.   o gesto zen de busca natural entre as esperanças doces.  debaixo da relva a vida cresce todos os dias, de forma imperceptível.   os desejos não se desmancham no ar porque passou um vento rude.   
o desejo é um deus de mil faces...





terça-feira, 25 de novembro de 2014

a volta da viagem é quase sempre a melhor parte....






      não estar, de quando em quando, é se refazer pra se render melhor, curar a cicatriz.  é perceber que, quando me preencho do que brota no lado de dentro, me sentirei menos afoita e ansiosa. necessito por demais deste silêncio. aliás, é a única coisa de que realmente preciso. preencher-me de amor.  ouvir o som das águas da vida que caem no silêncio por uns instantes . romper o ar, o espaço e me deixar ir a uma profunda conexão com o que está vivo do lado de dentro pois cada fusão magnética que  se realizam tem seu momento e suas condições certas para ocorrer e  nisso [sabendo que elas acontecerão]  não tentarei forçá-las a tal. muitas vezes me cansei porque tentei forçar a árvore a crescer num ritmo que ela não deve. agora desejo o poema maior que exalo,  no precioso ritmo do teu suspiro.






domingo, 23 de novembro de 2014

começar porque nada existe antes de começar



 ressignificar.  um processo de modificação do filtro pelo qual percebemos os acontecimentos.  quando o significado se modifica, mudamos também nossa maneira de agir.  temos o poder de mudar nossas paisagens internas.    podemos enxergar situações desafiadoras como grandes aprendizados que nos fortalecem.       mas o bom mesmo é quando conseguimos ficar com os aprendizados e liberar todos os pesos que não queremos mais carregar.  repara,  longas manhãs te esperam  tremendo no patamar dos olhos . aconteceu o que deveria ter acontecido.  no mais: observa.  está tudo em paz.






'nada a recear. cheguei ao fundo.
não posso cair mais baixo que o teu coração'

Marguerite Yourcenar 



sábado, 22 de novembro de 2014

preciso de sabores e ecos





.preciso do meu contorno.  já fui imprecisa demais.  quero deslocar o corpo sem esforço, tal como desloco fluidos, cheiros, poeira, quando caminho de qualquer lado para qualquer lado. meu medo de escuro não é tropeçar.   o que me assusta é me apoiar em fantasmas. mas depois, virando a esquina, todas as esquinas de todos os dias, esperam-me apenas as aves que ninguém sabe de onde partiram.    quero que  venhas e me dês um pouco de ti mesmo onde eu habite...





.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

não havia correntes de pensamentos



.a ferida por baixo da cicatriz- quem cura? não soube responder pois não se sai do abismo, aprende-se a sua linguagem.    de súbito percebeu que as coisas simples se fala depressa; tão depressa que nem conseguimos que as ouçam.    as coisas simples murmuram-se; um murmúrio tão baixo que não chega aos ouvidos de ninguém.    olhava com olhos de camaleoa a face mutável do mundo e considerava-se incompleta.  a noite sobre o mar é particularmente escura e não há nada pior do que demasiado tarde. 





' adapte-me a 
uma cama boa /
 capte-me uma 
mensagem à toa /
 de um quasar 
pulsando lôa / 
interestelar canoa '
Cae Veloso

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

leva-me para lá da luz




vem. gosto quando tu falas  do sol, do riso  das nuvens brancas.  falas a língua dos abraços, das carícias (e)ternas no teu corpo de dividas e sinas.  fazes o leito em que adormeço  com o corpo lilás dos fins das tardes





sábado, 15 de novembro de 2014

...e vamos provar as nuvens





.as palavras vêm do peito, passam pela garganta e desfazem-se no ar esperando que alguém as apanhe. o universo não tem ideias. sentir é compreender que o amor é alimentado pela imaginação. por ele nos tornamos mais sábios do que supomos, melhores do que nos sentimos, mais nobres do que somos. através dele podemos ver a vida como um todo, por ele e só através dele podemos compreender os outros nas suas relações reais e ideais.  o caminho para o amor não é reto nem é longo nem é algo que se ensine.  o caminho para o amor é deslize, é tropeço, é não se dar conta de como se chegou lá. o caminho para o amor passa por onde o chão desaparece sob os pés. traz consigo sabores e cheiros e coisas macias…




sexta-feira, 14 de novembro de 2014

a banalidade e o despropósito





.
todo dia acordo do mesmo lado,
desço a mesma escada, e o som dos meus passos repetitivos me diz:
  onde...? onde...? onde...?
todo dia atravesso a mesma praça,
na partida e na chegada, e o canto dos pássaros nas árvores me diz:
  quando...? quando...? quando...?
todo dia eu pego o mesmo ônibus, que me leva e me traz, e o murmuro das pessoas nos bancos me diz:
   como...? como...? como...?
toda noite, eu durmo e sonho com as múltiplas possibilidades
 para os muitos onde, quando,  como...                                                
quando acordo pela manhã, os sonhos se recolhem ao esquecimento,
 para que a vida possa recomeçar de novo, sem onde, quando e como.





'não me pergunte quem sou
e não me diga para permanecer o mesmo.'

(Foucault)
.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

no oculto do encanto




 tantas vezes é preciso  confiar na vida e no que ela pode nos trazer, sem deixar de prestar atenção ao redor.  mas eu adormeci em êxtase e na essência dos sonhos encontrei teu sorriso em todos os rostos de papel. nas paredes coloridas das casas que tocavam mantras, abria os braços e abraçava o corpo que me acolheu. senti que eclodia uma força visceral inexplicável.  e as formas iam se modificando, chamando-me a tomar parte do ballet de cores que ao meu redor dançava. acordei repleta de emoção associada a outro sentido. você me trouxe um beijo e com ele todas sensações tomaram forma .
teus dons embalam meus gestos afins ... 



quarta-feira, 12 de novembro de 2014

A medida que gira a roda dos séculos







não é através de golpes reiterados
que o coração  conseguiu quebrar a rocha,
para obter a pedra que deve (re)compor a ruína?

não é um conforto pensar no amor, mesmo sem saber
o que é este sentimento,
que às vezes chega confuso, misterioso
que nos inicia e reinicia e nos permite sobreviver?


não é através de um trabalho constante
que ele dá à pedra
 a forma e o brilho
que ela deve ter antes de ser colocada no lugar?



amor
é a via que te foi traçada para te manter no posto,
seja lá qual via for....








terça-feira, 11 de novembro de 2014

acontece que sou só uma esfinge sem segredo





acredito que qualquer pessoa está capacitada para manifestar sabedoria num momento inspirado. há pessoas que acreditam que o amor não tem saída, que por mais encantador que seja, um dia termina. há lógica neste pensamento, afinal, relações acabam  todos os dias. mas, em caso de amor, não sou partidária da descrença nem do niilismo. se meditarmos muito sobre o “vazio do amor” não nos apaixonamos, nos desiludimos por antecipação.  por isso, sempre busco a luz por trás do que aparentemente for uma situação adversa. a luz é minha competência de superá-la.  se eu aceito uma onda etílica pra exercitar meus sentidos?
_ Só se for com você! 




*(ins)pirado   aqui

domingo, 9 de novembro de 2014

sábado, 8 de novembro de 2014

é preciso recomeçar a viagem. sempre.




então,  é mais ou menos isso: demonstrar vulnerabilidade não seria o caso, pois minha natureza não conseguiria fazer isso espontaneamente, ficaria artificial demais . um dia compreendi que a emoção, na medida em que a sentia, era coisa minha, íntima, perene, que se reciclava em “apaixonamentos” sucessivos – não em velocidade, mas em intensidade parecida ao dos primeiros tempos, entende? aí, um analista, amigo meu, me ajudou a construir uma frase que se tornou meu guia: "O amor é qualidade minha!!" ou seja, as pessoas passam, mas a magia de sentir pertence ao meu coração. pois ele, o  coração não precisa estar em conflito com a lógica cerebral.
e tenho vivido!



sexta-feira, 7 de novembro de 2014

mas não sabia mais o que dizer...




desnudou-se num novo jogo em que não era  mais ela (nome e corpo carregado de promessas) mas outro. percebeu que queria que ele a conhecesse melhor. ela queria que ele a entendesse, porque tinha a estranha sensação de que  era o tipo de homem pelo o qual ela poderia se apaixonar, mesmo que não quisesse.  equivocou-se. não houve  entrega, nem desejo de ser tantos [e tão poucos] , numa sucessão infinda de seres múltiplos e únicos,  ausente de destino, como rio que se desloca imóvel, esquecido do que traz ou trouxe.   mas de que adianta saber-se ar se o outro quer fogo? mergulhou, transbordou para o teu fogo e deixou-se ser parte daquilo que o nutriu. os dias seguem. e quando surgirem flores, colhe, colhe o que ainda resta... 








.
´mas nunca se sabe 
no instante presente 
se a realidade é sonho
 ou se o sonho é realidade...´

Milan Kundera in:
A vida está em outro lugar

nem acredite em calendário....




(..)navego pela memória sem margens
...
            penso que sendo o céu redondo
um dia nos encontraremos.
...
Cecília Meireles
*Feliz dia Teu!




[por algum momento é inevitável
a transfusão de uma 
enorme quantidade de calor
mesmo que isso signifique, voltar atrás]




quinta-feira, 6 de novembro de 2014

te sinto no silêncio de dentro




por onde eu vou levo meu tempo imaginário, suas histórias e a certeza de que o tique taque do relógio avisa que alguns sonhos se concretizaram e outros ainda estão sendo moldados. na verdade eu jamais teria coragem de te contar quantas vezes já me surpreendi fazendo planos e te colocando neles. eu até escolhi os sapatos, e nunca te contaria que eles seriam azuis. eu também não poderia te contar que procuro teu cheiro em quase tudo e que adoraria te ver comendo melancia, sentado na grama em um dia de verão. imagine se eu te contasse que desenho teu rosto no meu travesseiro?  e  se tu soubesses que já colhi flores pra ti, só que deixei no vaso da minha mesa. ficou lindo, estavam comigo; eram minhas. e cada dia que passava, perdiam vitalidade, por fim murcharam. se eu às tivesse deixado como faço contigo, elas ainda estariam lá. ainda seriam belas e poderiam me amar por isso porque  jamais te contarei. nunca te murcharei. nunca te terei. nunca te perderei. esperar torna-se então um refúgio, um lugar seguro, sem riscos; 
um sentimento sem sentimentos...




terça-feira, 4 de novembro de 2014

Tens pressa de viver?


basta de contagem (de)crescente e  palavras ansiosa. por hora vou me dedicar às coisas que fazemos sozinhos, aquelas que pedem quietude e delicadeza. nada muito grandioso, apesar o pulsar dos pequenos gestos que não exigem esforço, não alteram minha respiração nem meus batimentos cardíacos...enjoei dos riscos, das perguntas sem respostas, das incertezas que dependem de um sim, da afirmação que abre espaços inseguros, porque na hora H as ondas se movem e a vida não cabe na garrafa. a vida é um licor que transborda. hoje parei as horas de angustia. quero mais
calma na alma.




sábado, 1 de novembro de 2014