sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Meu riso sobe ao céu a procurar-te




posso te fazer esquecer   este mundo parvo, que desrespeita o belo e deixa a vida sem graça. dá-me em troca três palmos desse corpo onde me esconderei e deturpo as pérfidas mensagens que estão acumuladas. o seu corpo é um continente estendido sobre meus devaneios, uma viagem em que se encontram pequenos portos. sei que sobre os seus olhos, de cílios espessos, os sonhos escondiam-se da luz e iam tremer levemente a cada toque [porque eram olhos intocados]. serviam para ver o mundo, mas estavam desacostumados a ficar assim fechados , cerrados como persianas [com o olhar guardado para um quarto íntimo].  imagino  o que ele fará com os  movimentos desconhecidos que brotavam dos meus dedos . pressões levíssimas, giros suaves , enquanto tensionava a garganta ou soltava um ai que poderia ser de prazer ou de angústia, se  todos os sentimentos são possíveis quando despertados por toques da longa noite dos silêncios... óleos mágicos gotejavam feito água, pingos de ouro escorriam dos vidros como paisagens de aromas. que se prendem a mim como colagens.  quero, quero-me, quero-te. haveria por ali um
 campo de lavanda?  ...foge-me a realidade.



dur by Johann Pachelbel - Kanon in D on Grooveshark

Achava que era felicidade, era só verão...






  enquanto juntos, sentia. e sorria.  o amor vinha, sorria. e queria. numa fração de segundos tudo mudou. ela ri, como quem desespera. um choro ao revés. de quem sabe que o começo já é o fim.  o tempo fecha. ela se lembra que era só sentir aquele cheiro de terra, começar a ouvir um ou outro pingo escapar do céu, que  corria pra pedir: "pai, mãe, posso ir lá fora tomar chuva?". era tão simples. tão bom, tão fácil [e  nunca pegou uma pneumonia]. mas algum dia, aí  já não lembrava quando e nem lhe pergunte por quê algum dia não sabe como é que foi que passou a ter medo de se molhar....