sexta-feira, 14 de novembro de 2014

a banalidade e o despropósito





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todo dia acordo do mesmo lado,
desço a mesma escada, e o som dos meus passos repetitivos me diz:
  onde...? onde...? onde...?
todo dia atravesso a mesma praça,
na partida e na chegada, e o canto dos pássaros nas árvores me diz:
  quando...? quando...? quando...?
todo dia eu pego o mesmo ônibus, que me leva e me traz, e o murmuro das pessoas nos bancos me diz:
   como...? como...? como...?
toda noite, eu durmo e sonho com as múltiplas possibilidades
 para os muitos onde, quando,  como...                                                
quando acordo pela manhã, os sonhos se recolhem ao esquecimento,
 para que a vida possa recomeçar de novo, sem onde, quando e como.





'não me pergunte quem sou
e não me diga para permanecer o mesmo.'

(Foucault)
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quinta-feira, 13 de novembro de 2014

no oculto do encanto




 tantas vezes é preciso  confiar na vida e no que ela pode nos trazer, sem deixar de prestar atenção ao redor.  mas eu adormeci em êxtase e na essência dos sonhos encontrei teu sorriso em todos os rostos de papel. nas paredes coloridas das casas que tocavam mantras, abria os braços e abraçava o corpo que me acolheu. senti que eclodia uma força visceral inexplicável.  e as formas iam se modificando, chamando-me a tomar parte do ballet de cores que ao meu redor dançava. acordei repleta de emoção associada a outro sentido. você me trouxe um beijo e com ele todas sensações tomaram forma .
teus dons embalam meus gestos afins ...