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todo dia acordo do mesmo lado,
desço a mesma escada, e o som dos meus passos repetitivos me diz:
onde...? onde...? onde...?
todo dia atravesso a mesma praça,
na partida e na chegada, e o canto dos pássaros nas árvores me diz:
quando...? quando...? quando...?
todo dia eu pego o mesmo ônibus, que me leva e me traz, e o murmuro das pessoas nos bancos me diz:
como...? como...? como...?
toda noite, eu durmo e sonho com as múltiplas possibilidades
para os muitos onde, quando, como...
quando acordo pela manhã, os sonhos se recolhem ao esquecimento,
para que a vida possa recomeçar de novo, sem onde, quando e como.
'não me pergunte quem sou
e não me diga para permanecer o mesmo.'
(Foucault)
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