(...) estava de pé , docemente agressiva , no ponto de ônibus, sozinha no meio dos outros, de coração batendo fundo, espaçado, sentindo o mundo se transformar. a vida era fascinante, era outra, descoberta com sobressalto, perplexa. num equilibro frágil sofreu um tremor que não se via por fora e que se iniciou bem dentro dela . e se fechasse as narinas e respirasse um pouco menos daquele vento de deserto? tentou por instantes mas logo sufocava. o jeito era mesmo esperar, esperar. talvez minutos apenas, talvez horas, enquanto sua sede era de anos....
(clarice l. por mim)
(clarice l. por mim)