sábado, 26 de janeiro de 2013

diário dos mesmos pesares





«Sobretudo um dia virá em que todo meu movimento será criação, nascimento, eu romperei todos os nãos que existem dentro de mim, provarei a mim mesma que nada há a temer, que tudo o que eu for será sempre onde haja uma mulher com meu princípio, erguerei dentro de mim o que sou um dia, a um gesto meu minhas vagas se levantarão poderosas, água pura submergindo a dúvida, a consciência, eu serei forte como a alma de um animal e quando eu falar serão palavras não pensadas e lentas, não levemente sentidas, não cheias de vontade de humanidade, não o passado corroendo o futuro! O que eu disser soará fatal e inteiro!.»


Clarice Lispector, "Perto do Coração Selvagem"










[e se o coração sabe da mentira 
que a cabeça encerra,
o corpo sempre decide, 
a sós, por onde ir]






todos os finais são também começos










doces pássaros
trazes fiapos de sonhos
apertados contra o vento
construindo silêncios serenos
na escassez de paz momentânea
na realidade submersa
o tristonho aclarar
adversa  disputa contra o tempo
trazes fiapos de sonhos
nos dias por inventar



sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

dignidade perante toda a emoção, ou falta dela.




«O tédio é pior que a angústia, é mesmo o contrário, quando se está angustiado não se sente tédio; e assim eu passava do tédio à angústia, da angústia ao tédio. Não, já não sinto tédio, não, não pode ser mais nada! Se bem que, lá no fundo, sinta que ela me espreita, me ameaça, e que me pode muito bem vir a crescer, a envolver-me, a atabafar-me. Ah, mas não, o mundo tem imenso interesse, imenso. Basta olharmos. Há gente que se contenta em olhar para as árvores, em passear. Aconselharam-me a passear. Mas esses passeios eram mais entediantes que o próprio tédio, mais tristes do que a tristeza. Oxalá que eu não torne a afundar-me no abismo do tédio. Olhar atentamente em redor, para o mundo; com a maior da atenções. Despi-lo da sua "realidade", lutar por experimentar, a cada passo, o espanto original.» 

Eugène Ionesco, "O Solitário"



[ às vezes não interessa mudar, interessa aceitar.e aceitando, é deixar andar...]



uma postura da alma


  Amor
é a chave mestra
que abre os portões da felicidade.

Oliver Wendell Holmes




(é...apoiar-se sobre o ponto superior escolhido)