sábado, 6 de abril de 2013

Não esqueças, sobretudo, de olhar devagar...

...

Caminhamos todos pelo curso do pólen.
Respiramos todos nessa bela poeira masculina
 (e sofremos, alguns de nós, a reação defensiva e surpresa do nosso corpo).
Uma planta paternal espalha um fino lençol de partículas de si mesma
por sobre o habitat.
Flores, por todo o lado, apanham nuvens e caiem.
As pontas carmesins da aveleira escondem-se, esperam e recebem.
Os estigmas elaborados de erva penteiam o ar.
A papoula prepara o festim.
O grão de pólen salta extasiadamente de uma abelha.
Uma metade de qualquer coisa encontra a outra metade.
Destinado a partir, destinado à glória."

in "Anatomia de uma rosa" de Sharman Apt Russell





[os *Navajos tradicionais acreditam que o curso do pólen é o caminho entre os deuses e a humanidade.
 é a harmonia que deveria existir entre nós]



*Os navajos, que se auto intitulam Dineh, o Povo, habitam a América do Norte e pertencem ao ramo linguístico Athapaskan. Eles são procedentes da região norte e hoje ocupam um planalto que atravessa a maior parte do Arizona, do Novo Mexido e de Utah – em termos territoriais é considerado o maior espaço nativo dos Estados Unidos.

(uma região qu gostaria de conhecer)



You Don't Bring Flowers by Neil Diamond & Barbra Streisand on Grooveshark

sexta-feira, 5 de abril de 2013

"... Nunca sofra por não ser uma coisa ou por sê-la..."



It's lovely .


vivemos num mundo
 fast food
vivemos a dolorosa ausência
da simplicidade

    vivemos no tempo em que
     tudo tem de ser
     complexo,
     muitas vezes
     estupidamente
     desconexo.

                  tenho o leve receio que
                  esta superficialidade
                  corte aos poucos
                  a capacidade de imaginar
                  de construir
                  e atravessar pontes

                                             [pode ser só receio]



´aperte o play...aqui´

Um jeito de fechar os olhos

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para Amanda e Camila



´sem espelhos vi que estava nua.
e ao descampado se chamava Tempo.
por isso com os teus gestos me vestiste.
e aprendi a viver em pleno Vento.´

Sophia de Mello Breyner Andresen





sim. muitas coisas iludem um olhar distraído . porém, se você decide jogar  uma semente na terra você deve ter desapego. volte às vezes pra olhar pra ela, pra medir, saber o quanto cresceu. mas não vá sempre, assim, em tão curto espaço de tempo. você pode pensar na semente quando você estiver em sua casa. você pode sonhar com ela lá, feliz e firme na terra. você pode se preocupar quando cai uma tempestade do lado de fora da sua janela. [como será que ela está?] e talvez, quando você volte a semente nem pareça sua. talvez ela tenha um jeito todo dela, dentre todas as outras que cresceram ao seu lado. e você também não espere que ela te reconheça tanto, mas ela sente sua presença. e você sabe que foi você quem a plantou. assim eu penso que muitas vezes é com o amor de mãe também... tem esse mistério de se fazer entender, mesmo sem se explicar.





´ vão as minhas meninas
levando destinos
tão iluminados de sim....aqui ´