quando morrer gradualmente
na palavra,
e confiar de tal modo
nessa palavra
.
.
que ela própria possa
ressuscitar nela
na mesma medida
sua ação de vida
.
.
quando ela por fim
manifestar nela,
completamente
e universalmente,
sua ação de morte
.
.
te entregues ,
por fim e
por ti mesmo
onde o movimento
do lugar infinito
sabe de si
vim pelo caminho dificil,
a linha que nunca termina,
a linha bate na pedra,
a palavra quebra uma esquina,
mínima linha vazia,
a linha, uma vida inteira,
palavra, palavra minha.
Paulo Leminski
[a gente tantas vezes reinventa, não é?como o vento a gente aprende a passar.
os pés entortam procurando rumo. pobre deles têm sonho de liberdade]
´deixe ir´....aqui (demora um pouquinho pra abrir mas não desista)
Caminhamos todos pelo curso do pólen.
Respiramos todos nessa bela poeira masculina
(e sofremos, alguns de nós, a reação defensiva e surpresa do nosso corpo).
Uma planta paternal espalha um fino lençol de partículas de si mesma
por sobre o habitat.
Flores, por todo o lado, apanham nuvens e caiem.
As pontas carmesins da aveleira escondem-se, esperam e recebem.
Os estigmas elaborados de erva penteiam o ar.
A papoula prepara o festim.
O grão de pólen salta extasiadamente de uma abelha.
Uma metade de qualquer coisa encontra a outra metade.
Destinado a partir, destinado à glória."
in "Anatomia de uma rosa" de Sharman Apt Russell
[os *Navajos tradicionais acreditam que o curso do pólen é o caminho entre os deuses e a humanidade.
é a harmonia que deveria existir entre nós]
*Os navajos, que se auto intitulam Dineh, o Povo, habitam a América do Norte e pertencem ao ramo linguístico Athapaskan. Eles são procedentes da região norte e hoje ocupam um planalto que atravessa a maior parte do Arizona, do Novo Mexido e de Utah – em termos territoriais é considerado o maior espaço nativo dos Estados Unidos.