sábado, 29 de junho de 2013

E respira indômita na sua mais calma essência



outro dia revi  fotos da infância . abri a caixa com cuidado. estava com um vestido com estampas de barquinho. havia florzinhas em ponto-cruz, um gato à espreita, um pardal na goiabeira, um sonho que voou sem que eu quisesse agarrá-lo. como são livres os sonhos que voaram, aqueles aos quais demos asas. saber soltar um sonho, dar linha a ele como quem brinca com pipa, vê-lo ascendendo nas nuvens até o seu desaparecimento, é um ato de desprendimento mágico. os adultos tentam reter o sonho, segurá-los com as duas mãos. as crianças os soltam numa dimensão onde não chovem as águas presentes nem as estações do futuro. depois disso, se um dia o sonho voltar espontaneamente, como  melodias  e palavras que tocam quando menos se espera, é porque o sonho era nosso, sem registro ou papel passado, mas se apresenta como um hóspede que retorna à nossa porta .   e quando perguntamos “quem é?” ele diz: “o sonho, aquele que você soltou num voo livre e que ficou tão leve que o vento o trouxe de volta mas diferente” e aprendemos que o vento é o único veículo que move o desejo da gente tocar o intangível sem luta...