sábado, 6 de julho de 2013

Quero o que mais me dá vontade, e quero vontade pra prosseguir

Morfologia da saudade…


a noite é longa e a manhã não vem. transito pelo avesso dos sentidos em desarranjos possíveis e inventados. ligo a tv  e a cena final de "Encontros e Desencontros" me arrepia. aquele sussurro entre os personagens, inteligível a quem assiste é a pura tradução da cumplicidade construída entre os dois  durante a história. Charlotte e Bob experimentam solidões particulares em meio a uma Tóquio de neons e agitações que, a princípio, parece não afetá-los. o encontro dos dois em uma madrugada insone preenche com sentidos o vazio que eles partilham diante de suas vidas, até então, insípidas e incolores. ela, em sua juventude, vigor e beleza é o mundo que ele deseja habitar. ele, com sua experiência e inteligência é o universo que ela deseja possuir. e assim, silêncios são partilhados em uma narrativa brilhantemente orquestrada por Sofia Coppola. em um jogo de antíteses, completudes são construídas na relação carinhosa que parece alimentar a vontade de movimentar suas vidas, até ali, estáticas. o filme termina, mas seu gosto saboroso permanece latente no modo como me faz refletir sobre tantas coisas como solidão, silêncio, identidade, escolha, vontade e projeto de vida. aquele sussurro do final, parece ressoar em meus ouvidos como uma melodia, cujos acordes repetem sem cessar " it's good, so good, it's so good "

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Logo ela que rouca gritava o caminho exato...




vento-me
num vendaval de sol
e se aquele mês fosse
o que não foi
saberia sobre quem ia
e sobre o que ia acontecer.
então volta, insólita sensatez
vem colocar minha vida em ordem.
dá-me a circunferência, o elo, o ciclo.
de uma ponta de um semicírculo,
não consigo avistar a outra.
eu gosto dos eternos.