tem dia em que companha-me a aridez lá fora e o deserto entranhava-se cada vez mais em mim. a inquietação por um tempo foi esquecida quanto um vento morno bateu no meu rosto . Suspirei e senti um desejo imenso dar uma volta pelos telhados, quando tudo estiver dormindo, pessoas, coisas, gatos, pássaros. Não será nada como voar e não haverá nada de metafórico neste passeio, apenas algo que se pareça com uma afirmação, determinada apenas pelo que dela e das suas implicações se desconhece. Pela rua, parece-me tudo cada vez mais difícil, mais frases sem predicado, sujeitos bizarros e indefinidos por inferir, gramática que me agarra ao chão, sem gratificação de sentido. Vou pelos telhados, hoje à noite. Darei notícias do que captar e voltarei outra. Nunca se volta igual de um passeio pelos telhados de uma cidade qualquer, penso eu.
segunda-feira, 8 de julho de 2013
domingo, 7 de julho de 2013
Virou um tudo que não se acaba...
sempre há
uma ordem
a nos quebrar os passos
não há
corrida que baste
para superar
as sombras esféricas
do alinhamento
sábado, 6 de julho de 2013
Quero o que mais me dá vontade, e quero vontade pra prosseguir
a noite é longa e a manhã não vem. transito pelo avesso dos sentidos em desarranjos possíveis e inventados. ligo a tv e a cena final de "Encontros e Desencontros" me arrepia. aquele sussurro entre os personagens, inteligível a quem assiste é a pura tradução da cumplicidade construída entre os dois durante a história. Charlotte e Bob experimentam solidões particulares em meio a uma Tóquio de neons e agitações que, a princípio, parece não afetá-los. o encontro dos dois em uma madrugada insone preenche com sentidos o vazio que eles partilham diante de suas vidas, até então, insípidas e incolores. ela, em sua juventude, vigor e beleza é o mundo que ele deseja habitar. ele, com sua experiência e inteligência é o universo que ela deseja possuir. e assim, silêncios são partilhados em uma narrativa brilhantemente orquestrada por Sofia Coppola. em um jogo de antíteses, completudes são construídas na relação carinhosa que parece alimentar a vontade de movimentar suas vidas, até ali, estáticas. o filme termina, mas seu gosto saboroso permanece latente no modo como me faz refletir sobre tantas coisas como solidão, silêncio, identidade, escolha, vontade e projeto de vida. aquele sussurro do final, parece ressoar em meus ouvidos como uma melodia, cujos acordes repetem sem cessar " it's good, so good, it's so good "
sexta-feira, 5 de julho de 2013
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