quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Feito em fios



quando o meu corpo começa a adormecer lanço-me assim como o voo dos anjos e, suspensa nos ares das nuvens, minhas asas se fortalecem. gravito como os astronautas.  tenho sede de ir mais alto, aos arredores da lua e de suas vilas abrigadas em crateras em sua brandura lunar.  pernoito hotéis estelares.  para o cansaço das horas, me desfaço das penas e molho de chuva meus sonhos secretos. durmo, sobre um pálio azul e meu corpo é puro devaneio de céu. meus encantos sutis de fêmea e ave, agora planam num sonho voador nas cercanias do teu mundo tão longe e perto de mim. sou livre para a busca do meu amor de lonjuras. pouso à tua porta para que me abra a luz da tua casa, do teu quarto, da tua cama.  meu voo não tem hora, nem passagem, nem permissões de tráfico celeste e, assim fico ao calor que me aquece perto das tuas mãos que me passeiam. fico horas assim, no proveito amoroso das tuas ousadias, esquecida do tempo, esquecida da minha metamorfose de ave.

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A pesada leveza









´ela seguiu devagar, demorando-se muito,
como se houvesse algum obstáculo no caminho;
e, no entanto, como se, superado este,
já tivesse passado do estágio de andar, e voasse´.

--de Perdendo a visão,
Rainer Maria Rilke
















há coisas que vêm junto....




[no passar dos tempos
no abandono das gentes
rasga-se o tecido
que a sustenta]