quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Como uma isca que cai












quando tudo era preto e branco
até o pranto
causava algum encanto ou apreço

mas hoje, com esse tanto de cores
não há engano, nem espanto
tudo se sabe sobre


é preciso de algo para ser dito
algo que sinta alívio
de não existir
só-mbrio pra si



terça-feira, 12 de novembro de 2013

Da ilusão de que caminhos se cruzam









ir atrás  do coração
quando ele some é coisa dura
você some atrás dele
mas lá no escuro
ele vai pela sombra
sigamos impávidos para ver


se há volta.


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Que bom que deu tempo. já não era sem tempo.

hellanne:

264.365 Foundations (by She was Anouk)


  0ntem quando fui desligar a tv, a cena me emocionou, um personagem ia apagando, uma a uma, as luzes da sua casa. assim , ele se despedia do seu espaço interior. depois de deixar o quarto, a sala e a varanda no escuro, ele se deparava com o espaço exterior: um imenso céu estrelado. ao olhar para o infinito, tinha a real dimensão da solidão humana. sem começo nem fim.    eu penso que depois de mergulhar na emoção, um dia podemos decidir apagar as nossas luzes, perder contatos com as coisas que amamos, deixar situações que vivenciamos, reduzir nossa história a uma trilha de pegadas.  neste ponto, como uma enguia que se debate ao ser retirada do mar, nos despedimos da eletricidade, do brilho, das cintilâncias e passamos a nos conformar com o que a vida nos apresenta. este é o peso da razão sobre a emoção. chegamos a  isso, quando a sensibilidade nos engole. eu ainda não pensei em apagar as luzes, mas devo me retirar para minha câmara secreta. ritualizo assim o desencontro com minhas constelações. às vezes me sinto como uma estrela cadente, riscando a minha atmosfera de sentidos até me perder nos limites...

domingo, 10 de novembro de 2013

Encaixe amoroso




hemerocales se apaixonou
pela rosa
que amava o lírio
que amava a hera
que namorava o amor-perfeito
mas morria de amores
pela prima_vera

num beco sem saída
mordeu a maça de eva

contra as paredes
se amaram e
pela casa andavam como
se dentro das sementeiras respirassem







[quando o melhor
momento de
dentro
se encaixa com 
melhor momento de
fora]