quinta-feira, 1 de outubro de 2015

O tempo é um fio




O que é a tempestade, o calor de meio-dia? O que são estradas esburacadas, congestionadas, pontes quebradas? O que é o excesso de dinheiro, ou a falta dele? Todo mundo precisa de alguma coisa, se não é dinheiro, de uma viagem, de umas férias num lugar bem distante de todos, para que possa finalmente ter sossego do seu dia a dia (quando não aguenta aquela agonia) ou até mesmo um tempo para si mesmo.
Mas, outras vezes bem lá no fundo quando o papo, o riso, tudo diminui, o que  ligeiramente se precisa é de alguém que a colha para a vida de volta, sem retorno, sem cobranças, e sem preços, que fique sem hora para ir .....






“..sou entre flor e nuvem,
 estrela e mar. 
por que havemos de ser 
unicamente humanos,
 limitados em chorar?”
— Cecília Meireles.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

O amor já vem com asas




Necessito crer que o amor está à mercê de cada instante se, é da soma de todos esses instantes que se constitui o sempre. É paradoxal afirmar que o  amor nunca vem antes, não há oração, coração ou simpatia para que ele se anteceda sem antes  compreender a suprema força e a instigante fragilidade que estão contidas em cada instante desse querer. Saber viver o agora, acima de tudo é algo primordial, porém conhecendo as exigências do amanhã - somente o que está baseado na verdade e na transparência pode durar -. Vencer a nós mesmos, vencer a própria pressa, suportar e decifrar o descaso e descanso da hora.  Entre um sim ou um não a linha é tão tênue e ao mesmo tempo um enorme abismo. Quando as coisas não acontecem, o vazio torna-se o espaço mais ocupado do quarto onde habitamos, trazendo consigo os prenúncios de uma implosão anunciada.



sexta-feira, 25 de setembro de 2015

à espera que a palavra bata e fure o destino



tenho para mim que todas as coisas têm uma certa imaterialidade. o corpo respira. a mente figura a respiração do corpo enquanto o peito cresce.     houve um tempo em que enganava o desespero do corpo, mantendo-o adormecido. de tanto dormir, longe da claridade que queima, a saudade foi-se anestesiando. queria te dizer sobre o espaço contínuo onde um barco adormece o cais ao colo. tu lembras de que disse quando o silêncio se impõe entre os nossos corpos sós?? das estrelas, no mar cativas onde  esperam que as sereias as libertem, onde um deus no mar afogue a escuridão e as falésias sejam pontos de abrigo?  e é assim, nas falésias, que me (re)nasce o coração quando te lembro. neste instante não vive em mim mais nada, perdi a vontade. todos os gritos são mudos.só restando as partes do corpo que você abraçou...