sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

nunca será verdade aquilo que não se acredita

quem chega
no centro da essência,
no meio do mistério,
no íntimo do silêncio
e das palavras re(veladas)
ganha um mundo
e perde os sentidos.


eu quis querer o que o vento não leva
pra que o vento só levasse que eu não quero
eu quis amar o que o tempo não muda
pra que quem eu amo não mudasse nunca

eu quis prever o futuro, consertar o passado
calculando os riscos bem devagar, ponderado
perfeitamente equilibrado

até que um dia qualquer,
eu vi que alguma coisa
mudara
trocaram os nomes das ruas,
e as pessoas tinham
outras caras
no céu havia nove luas
e nunca mais encontrei minha casa

no céu havia nove luas
e nunca mais encontrei minha casa

(Herbert Vianna)

Aonde viessem pousar os passarinhos



(...)quando sol se derrama sobre os meus olhos. da cisão de meu ser, da discórdia do meu eu, da contradição intima, nasce o duplo, a Outra que me habita, tão próxima e desconhecida.  nasce para o tédio vencido ao estalar os dedos.  para o meu momento perdido no espaço entre as palavras em que, raramente, consigo voltar à tempo de acompanhar a realidade.  para as estradas construídas nos espaços oníricos, nas fotografias tiradas . para os amores que nunca aconteceram, para as paixões avassaladoras.  para as tardes perdidas, para os beijos ganhos.  para o sexo ausente (ou presente), para a carência latente nos dias de domingo, para os banhos de chuva, para os dias de sol.  para o meu coração acelerado, para as lágrimas e o seu ciclo vicioso, para o cinema gelado, para as músicas do por-do-sol.  para o quase anoitecer, para a minha noite, para minhas mãos, para minhas cores, para o meu mundo, para minha vida, para o meu transbordar, para  o desejo que duvida, a ação que vacila, a fala que gagueja. para os suspiros apaixonados de todas as manhãs desprevenidas que transformam tudo em uma eterna primavera  entre aquele vidro e aquela gotícula de água, que desde muito tempo estavam marcados para se fundir e desenharem, da sua forma, a sua breve história de amor. dentro da eternidade e a cada instante enfim. tudo  são poeiras ao vento.....