sexta-feira, 6 de setembro de 2013

E o sol do que olhou para sempre o aclara






há coisas que não fazem sentido. há coisas extraordinárias. há coisas que nos alteram a direção, apesar de não fazerem sentido. como são os teus dias, a tua paz sem regresso? sei a clareza dos teus gestos, a eternidade do indizível, mas não te sei inventar sem ritmo, sem pulso, sem toque. para saber se o mundo se acende. para saber se o desejo é breve, preciso de saber como são os teus dias,a tua respiração no silêncio. como são os teus dias, a tua dor contra o meu peito? sim.  há coisas que se sentem muito.







É uma música que já ninguém ouve





as aparências enganam
aos que odeiam e aos que amam
porque o amor e o ódio se irmanam
na fogueira das paixões
os corações pegam fogo
e depois não há nada que os apague
se a combustão os persegue
as labaredas e as brasas são o alimento
o veneno e o pão
o vinho seco
a recordação
as aparências enganam
aos que odeiam e aos que amam
porque o amor e o ódio se irmanam
na geleira das paixões
os corações viram gelo
e depois não há nada que os degele
se a neve cobrindo a pele
vai esfriando por dentro o ser
não há mais tempo de se aquecer
não há mais tempo de se esquentar
não há mais nada pra se fazer
senão chorar sob o cobertor
as aparências enganam
aos que gelam e aos que inflamam
porque o fogo e o gelo se irmanam
no outono das paixões
os corações cortam lenha
e depois se preparam para outro inverno
mas o verão que os unira
ainda vive e transpira
ali nos corpos junto à lareira
na reticente primavera
no insistente perfume
de alguma coisa chamada
amor




[versão de Elis Regina
porque  cada um tem a sua
eu também faço questão de ter a minha]


A gente arruma o relógio, o tempo, o espaço








ando com coração como as velas de um barco na sua Odisseia de Ulisses, ilha incendiária e latente ,mil e um graus de calor invadindo os sentidos . houve um tempo em que eu tentava me esconder de mim, noutro eu me escondia dentro de você nesse, deixo tudo à deriva eu, você, nós . agora, no silêncio [em que ambos estavam], o vento abriu suas portas, relaxou a alma e o corpo, e não soube quanto tempo se passara pois tinha se entregue a um profundo e cego devaneio que o relógio não interrompia.












quinta-feira, 5 de setembro de 2013