Ela gosta de devaneios. Levitar no infinito, entre o nada e a eternidade, assim, sua alma está conectada a todas as outras entidades do Universo, as infinitamente grandes e as pequeninas também. O processo é este: jogar uma moeda no poço da memória prestando atenção nos sons e ecos à medida que ela ricocheteia ao despencar silêncio adentro. Lembrar dos desejos com detalhes [é assim, ou pelo menos era pra ser]. Ela quer tanto algo enternecedor e as memórias com toda a sua beleza lhe crava um enigma no peito, no jeito, nos gestos. Porém, pode estar enganada. Pode estar sendo enganada. Pode ser o inverso: seu avesso se lança aqui fora e engole as moedas, as rumina, saboreia, e joga de volta sons de deleite. Ela precisa ver estrelas no céu da boca, sambar devagarzinho ou então achar cinquentão no bolso. Ela precisa de surpresa !