Um dia a gente aprende que nada foi nem nunca será solucionado na teoria, alguém sempre tem de arregaçar as mangas e se dedicar a colocar as coisas em ordem, independentemente de o quanto isso custar. Penso que o vazio é um lodo espesso e intransponível que corre por dentro de encanamentos, artérias, postes, fios, veias, troncos de árvores. E vai se espalhando depressa, se estagnando por entre réplicas e tréplicas ou silêncios irreversíveis. A solidão é um troço que faz a gente abrir a geladeira sem estar com fome ou sair por aí com umas pessoas bem barulhentas pra tentar estar junto. Pra asfixiar o vácuo de dentro que não está bem lá dentro, e sim nas superfícies, nos contornos dos corpos, das coisas, nos dias nublados muito claros que contraem os olhos. Podia ser tudo simples como nas ruas de cimento onde se aposta corrida de bicicleta. Joelhos ralados, mercúrio cromo, band-aid e pronto, no dia seguinte, corrida de bicicleta. Agora é assim: nada combina com nada. Mas não se preocupa, vou voltar lá pra te buscar. Lá onde me perdi....
'infindo e onipresente,
o nada envolvia
cada recanto de sua consciência'
- Joseph Glittergate