quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

voemos com o que temos





“Pentimento” é a palavra italiana para arrependimento, mas designa (em muitas línguas) uma pintura, um desenho ou um esboço encoberto pela versão final de um quadro. [...]

Visível ou não, o pentimento faz parte do quadro, assim como fazem parte da nossa vida muitas tentações e muitos projetos dos quais desistimos. São restos do passado que, escondidos e não apagados, transparecem no presente, como potencialidades que não foram realizadas, mas que, mesmo assim, integram a nossa história. [...]

Nossas vidas são abarrotadas de caminhos que deixamos de pegar; são todos pentimentos, mais ou menos encobertos: histórias que não se realizaram. Por que não se realizaram? Em geral, pensamos que nos faltou a coragem: não soubemos renunciar às coisas das quais era necessário abdicar para que outras escolhas tivessem uma chance. E é verdade que, quase sempre, desistimos de desejos, paixões e sonhos porque custamos a aceitar que nada se realiza sem perdas: por não querermos perder nada, acabamos perdendo tudo. [...]

Somos perigosamente nostálgicos de escolhas passadas alternativas, que teriam nos levado a um presente diferente. Se essas escolhas não existiram, somos capazes de inventá-las – e de vivê-las como pentimentos.

Contardo Calligaris, trechos de Pentimentos.



[e lá vamos nós, sem tempo para lapidação mas cuidando para não ser bruto]

2 comentários:

Aleatoriamente disse...

Olá moça que lindeza.Tão bom vir te abraçar Margoh.Beijão minha linda.

Arnaldo Leles disse...

Isto me lembrou o filme
efeito borboleta 1.

"Queria apenas tentar viver aquilo que brotava espontaneamente de mim. Por que isso me era tão difícil?"

(Frase de Hermann Hesse)

Abraço!