quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Quando o significante remete ao significado







A agenda não age por você,
anota uma ação para não esquecer.

A bússola não aponta um caminho certo,
 só ajuda na localização.

A mãe não cria um filho para si,
o mundo fará parir o seu destino.

O carro não guiará sozinho,
mas as viagens lhe trarão mobilidade.

O avião não decola por ser leve,
 suas asas que o sustentam no ar.

O amor não perde a direção,
paixão é o pior cão de cego que há.

A calculadora faz suas somas,
mas quem presta as contas é você.

A lavadora só lavará roupas sujas
se forem trocadas em miúdos.

A vida continua quando a morte deixa,
questão de saúde e sorte.

O pente induz a eletricidade estática,
não move um fio sem a mão.

O pênis só irriga até a cabeça se,
erguida, não falhar seu coração.

O tempo assa carne,
o pó da ampulheta salga o ser, bem passada.

A hora de viver já está programada,
 os ponteiros são duas pontes.

A travessia se dá entre abismo e monte,
 alcançará o que escolher.

A chegada será quando se der a partida
 ou ao se puxar o gatilho.

Paola Benevides



Amor de índio by Maria Gadú on Grooveshark

3 comentários:

Dilmar Gomes disse...

Ei amiga Margoh, eis um bom poema reflexivo.
Um abraço. Tenhas uma boa tarde.

chica disse...

Maravilha de poema,Margoh!! beijos,lindo dia! chica

Rovênia disse...

É preciso ler e reler, mas é lindo, faz pensar. Tudo depende de nós, mas esse tudo não é nada fácil. "A vida continua quando a morte deixa", ou seja, cada dia é precioso demais. Amei! Beijo no coração, amiga Margot!