quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Com a sua dupla fome




Quando o homem
entra na mulher,
como a onda batendo contra a costa,
de novo e de novo,
e a mulher abre a boca com prazer
e os seus dentes brilham
como o alfabeto,
Logos aparece ordenhando uma estrela,


E o homem
dentro da mulher
ata um nó
de modo que nunca
possam voltar a separar-se


E a mulher
sobe a uma flor
e engole o seu caule
e Logos aparece
e solta seus rios.



Este homem,
esta mulher,
com a sua dupla fome,
tentaram atravessar
a cortina de Deus,
e por um instante conseguiram,
ainda que Deus
na Sua perversidade
desate o nó.


Anne Sexton




* Logos (em grego λόγος, palavra), 
significava inicialmente 
a palavra escrita ou falada—o Verbo

7 comentários:

JP disse...

A descrição do ato sexual de uma forma poética :))

Beijo

" R y k @ r d o " disse...

E tantas vezes é tão difícil desatar o nó do amor.

Imaginação pura e bela

Deixo abraço
*************
http://pensamentosedevaneiosdoaguialivre.blogspot.pt/

Cidália Ferreira disse...

Ai jasus... Maravilhoso .. looool

Beijo

http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

Dilmar Gomes disse...

Eis um poema tesudo, filosófico, profundo...
Um abração,amiga Margoh.

Pérola disse...

E no logos caímos com poder de redenção.

Está lindo, o poema, sabias?

Parabéns!

beijinhos

José Carlos Sant Anna disse...

E haja conjunção poética, lírica para mapear esse ato...
Beijos, Margoh

Rovênia disse...

Lindo isso! :)