quarta-feira, 30 de julho de 2014

a lição sem fim






(..) às vezes na vida se faz necessário rompimentos com o cotidiano para que possamos ver melhor o sentido do que fazemos, ou a total falta de sentido. hoje por exemplo, poderia alegar coisas nobres, ou quase, mas o fato é que se tem  ali adiante  uma explosão de estrelas cadentes prontas para caírem em seu colo e uma preguiça cultivada ao longo da estada. preguiça de sofrer, preguiça de explicar a ironia do dia anterior, preguiça daquele olhar sacana que  não foi alcançado. poderia ainda crer naquele futuro, escrever uma canção, começar uma dieta, nunca mais consumir material plástico, mas baby, isso é demais pra ela . prefere deixar assim, o dito pelo não visto como coisas que se perdem  nos vãos das palavras [e tempos depois se tropeça  nelas ou não].  a vida se degrada facilmente na rotina de tentar mantê-la funcionando, por isso a derrota pode ser a condição necessária para a consciência repousar em paz consigo mesma. vencer sempre pode ser um inferno....






*(re)lendo  "Mito de Sísifo", de Albert Camus


5 comentários:

mム尺goん disse...

Esse mito narra o esforço inútil de uma pessoa, seu árduo e rotineiro trabalho, que nunca será concluído. Também fala do desejo humano de ser eterno, como os deuses, vencendo a morte.
Quantas pessoas estão rolando pedra morro acima? Quantas insistem num caso que nunca terá solução? Ou teimando em mudar outra pessoa para se satisfazer? Exercendo uma função rotineira e vazia? Quantas se acham num martírio sem fim? A maioria? Quantas vivem sob o domínio das ideologias sem questioná-las? Quanto dinheiro é gasto no inútil esforço de parar o tempo e se tornar jovem para sempre?
Até aqui tudo parece ser absurdo, pois quando se tenta reduzir a impossibilidade do mundo a um princípio racional e razoável, nada faz sentido. Mas, levar a sério até o que é absurdo, é reconhecer a contradição entre o desejo da razão humana e da insensatez do mundo. Sem o homem, não há absurdo. Então, por que viver uma vida vã e inútil? Ora, o que conta não é a melhor vida, mas como se deve vivê-la. Daí a liberdade. Todavia, para a maioria, ela também é um absurdo e libertar-se é preciso.

[rendem bons papos...e bons vinhos]

beijos

Cidália Ferreira disse...

Gostei muito de ler! Parabéns.

Beijinhos
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Pedro Coimbra disse...

"ela . prefere deixar assim, o dito pelo não visto"
Escrita muito semelhante à de Mia Couto, Margoh

Anônimo disse...

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José Carlos Sant Anna disse...

Para que tanto esforço? Basta um carinho na cabeça do cachorro, deixá-lo lamber a mão e um vinho que desça macio...
Beijo, Margoh!