estou sozinha em casa. cozinho uma receita sem gosto e sem graça para anestesiar a compulsão de meus dias. ao lado, um chá verde com limão que traz o amargo para a boca, tornando especial o momento certo da saudade. saudade que sempre varia nos dizeres, apesar de o sotaque não variar. gosto de viajar por dentro das palavras. viajar assim é ter oportunidade de sentir saudade do que era rotina. viajar por dentro da realidade é sentir saudade do que ainda está por vir, da descoberta de um tempo paralelo em outra parte do planeta. ontem voltei no tempo, hoje é dia de esquecer com o que quase me acostumei. é mais fácil arrumar as gavetas do que desfazê-las e assim também é com sonhos que depois de desfeitos trazem uma sensação de alivio tão grande que esquecemos do porque estávamos tão apegados a aquele sonho. arrumar as gavetas é lutar contra a sensação de estar esquecendo alguma coisa. sonhar é lutar com a realidade. a comida ficou pronta e a música ecoa pelas paredes. está desfeita a conexão. ainda me resta este chá frio para sorver um pouco desta saudade sem prazo de validade.
13 comentários:
Amiga Margoh, eis um bom poema-cronica.
Um abraço. Tenhas uma linda semana.
Nao tinha pensado nisso... mas... é verdade... arrumar as gavetas é mais facil do que se desfazer delas... deve ser por isso que minhas gavetas, meu closet todo é impecavel... sempre arrumado... acho que levo isso para a vida tbm...
Beijos...
Boa tarde Margoh
adorei o texto!
Beijos
http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/
Gostei de te receber, Margoh :)
E gostei deste texto, e do blog em geral.
Aparece mais vezes por lá. Eu virei sempre que possível.
Boa semana.
Beijinhos
Contínuo desfolhar
de gavetas, de lembranças,
e uma vida oculta em seu interior
costurando passos incontáveis...
Beijos, Margoh!
Boa noite Margoh.. com um seguimento muito bonito... de frase atrás de frase desvelou partes que nós escondemos de nós mesmos.. muito bem escrito.. bjs
Chapelada para um texto muito bonito e para a sua autora
Cê anda ainda mais submersa nesse mundo de sentimentalidade, oxente. E disso cada palavra linda está nascendo.
Bom pra nós, então.
Beijo, poetisa.
... almas que se encontram assim distantes numa xícara de chá verde com limão que não sinto o gosto do limão apenas da água que sorvo enquanto escuto as lembranças saltando das gavetas e aquela sensação estranha de que nada vai mudar nesse dia em que o chá é minha única receita...
rs
abraço apertado margoh
Muitas vezes é no cotidiano, nos simples gestos que fazem partem da rotina que salientamos saudades e lembranças dentro de nós. Tentamos organizar as gavetas internas, mas são tantas as "saudades" que saltam de dentro que nos perdemos em divagações e ao sorver o que resta de um chá frio é como se no fundo da xícara fizesse gravado uma data tão distante de nossos anseios, projetos e sonho... Como bem disseste: "saudade sem prazo de validade".
Amiga, adoro o teu versejar, pois desperta em mim lembranças e uma saudade que, infelizmente, também me parece longe a data de vencimento...
Sorrisos e estrelas, sempre, no teu caminhar!
Com carinho,
Helena
Muitas vezes é no cotidiano, nos simples gestos que fazem partem da rotina que salientamos saudades e lembranças dentro de nós. Tentamos organizar as gavetas internas, mas são tantas as "saudades" que saltam de dentro que nos perdemos em divagações e ao sorver o que resta de um chá frio é como se no fundo da xícara fizesse gravado uma data tão distante de nossos anseios, projetos e sonho... Como bem disseste: "saudade sem prazo de validade".
Amiga, adoro o teu versejar, pois desperta em mim lembranças e uma saudade que, infelizmente, também me parece longe a data de vencimento...
Sorrisos e estrelas, sempre, no teu caminhar!
Com carinho,
Helena
Gostei muito do texto!
Grande abraço
www.lucadantas.blogspot.com.br
me gusta..
linda.
Morris
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