"Há uma hora certa,
no meio da noite,
uma hora morta,
em que a água dorme.
Todas as águas dormem:
no rio, na lagoa, no açude, no brejão,
nos olhos d'água, nos grotões fundos.
E quem ficar acordado, na barranca,
a noite inteira,
há de ouvir a cachoeira parar a queda e o choro,
que a água foi dormir...
Águas claras, barrentas,
sonolentas, todas vão cochilar.
Dormem gotas, caudais, seivas das plantas,
fios brancos, torrentes.
O orvalho sonha nas placas da folhagem e adormece.
Até a água fervida,
nos copos de cabeceira dos agonizantes...
Mas nem todas dormem,
nessa hora de torpor líquido e inocente.
Muitos hão de estar vigiando,
e chorando, a noite toda,
porque a água dos olhos nunca tem sono..."
Guimarães Rosa
[são marchas e aparição
são puro passos
de (ins)piração.
caminham pelo fluxo
e gravitação]
10 comentários:
Tenho medo de acordar deste sono encantatório...
Jorge
bonito o poema "molhado".
Uma imagem maravilhosa num poema fantástico
Beijinhos, bom fim de semana.
http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/
Levitei neste teu espaço poético e espiritual.
Beijinhos
_o melhor prazer é este:alma em velocidade do vento da água e das aves!
\tudo lindo!
você, sempre!
Poema muito belo de Guimarães Rosa.
Bem haja pela partilha, Margoh!
"nem todas dormem,
...
porque a água dos olhos nunca tem sono..."
Beijinho amigo.
Lindo, lindo!
www.lucadantas.blogspot.com.br
Cher Margot
les mots que vous choisissez sont un ressort et la photo que vous mettez un rêve ..
Morris
Olá, Margoh.
Chego aqui e deparo-me com Guimarães Rosa no seu canto para ninar as águas, tão lindo.
"são passos de inspiração"
bj amg
Obrigado amigo (a). Estou fazendo uma visita ao teu Blog. Meus parabéns pelos teus trabalhos e sucessos. Abraço de Manoel Limoeiro. Recife PE.
'Feliz dias das mães, amigo(a)".
http://grupounidoderodafogo.blogspot.com.br/
Recife, 09 de maio de 2015.
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