sexta-feira, 19 de julho de 2013

Um esconderijo de episódios

maxinista:

mornings by Janelle Cordova on Flickr.

a  vida pode ser diferente, sem deixar substancialmente de ser a mesma?  era estranha esta sensação de familiaridade por algo que se vive pela primeira vez. estava do teu lado. a felicidade estava ao alcance do  meu coração. havia a calma das noites silenciosas e um inacabado céu que nos seguia.  a penumbra não deixava ver a totalidade do que és ou até onde te estendias. não conseguia adivinhar de que componentes te constituías. eras amparo e interrogação. o retorno foi silencioso, o carro seguia em meio a luzes artificiais que pontilhavam a nossa direção.   os meus olhos acompanhavam a massa indistinta e esbranquiçada no teto natural... saudade é esta "incompletude"?.  prenúncio de chuva ...









´no entanto, 
o intemporal em vós 
sabe
 da intemporalidade 
da vida.
 e sabe que ontem 
é apenas 
a memória 
de hoje
 e o amanhã é o 
sonho de hoje´
Khalil Gibran

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Lá longe de mim







de repente, sinto-me irremediavelmente criança e sem as amarras do quotidiano. hoje quero comer morangos, tingir a língua, piscar o olho para um ser imaginário, molhar  a boca com o vinho apropriado aos dias frios, lembrar que  vi abelhas enlouquecidas, divagar sem me prender ao pensamento, repassar álbuns de retratos, me ver feliz, ouvir pela décima vez a mesma música, andar descalça, fazer apenas uma oração, conjurar os anjos, brincar com as salamandras diminutas das chamas das velas, colocar as mãos sobre o fogo, viver a fração do tempo como um beija-flor na proeza do voo. nesta noite, quero me dedicar ao extremo ato das coisas simples, uma outra espécie de transbordamento, a devoção a cada hora vivida, o ritual dos tolos, o ritual dos sábios. hoje parei o futuro.