por onde eu vou levo meu tempo imaginário, suas histórias e a certeza de que o tique taque do relógio avisa que alguns sonhos se concretizaram e outros ainda estão sendo moldados. na verdade eu jamais teria coragem de te contar quantas vezes já me surpreendi fazendo planos e te colocando neles. eu até escolhi os sapatos, e nunca te contaria que eles seriam azuis. eu também não poderia te contar que procuro teu cheiro em quase tudo e que adoraria te ver comendo melancia, sentado na grama em um dia de verão. imagine se eu te contasse que desenho teu rosto no meu travesseiro? e se tu soubesses que já colhi flores pra ti, só que deixei no vaso da minha mesa. ficou lindo, estavam comigo; eram minhas. e cada dia que passava, perdiam vitalidade, por fim murcharam. se eu às tivesse deixado como faço contigo, elas ainda estariam lá. ainda seriam belas e poderiam me amar por isso porque jamais te contarei. nunca te murcharei. nunca te terei. nunca te perderei. esperar torna-se então um refúgio, um lugar seguro, sem riscos;
um sentimento sem sentimentos...
um sentimento sem sentimentos...