domingo, 29 de maio de 2016

sua maneira de evitar as infiltrações





com tanta desestabilização emocional, percebi que quando não tinha mais nada a perder emergiu de dentro de mim o espírito de aventura.  porque há estados de alma tão incandescentes que abordá-los é simplesmente renovar seu ardor e arder. alimentar sua capacidade de fogo e danar-se.   só é possível, então, afastar o olhar, olhar para outra coisa, fazer de conta que ainda resta algo no mundo que as chamas não consumiram, até que o tempo, única força realmente invulnerável, capaz de afetar sem ser afetada, faça seu trabalho e o que era brasa viva seja por fim o tênue eco de um calor, uma cinza inofensiva....





sexta-feira, 27 de maio de 2016

é semelhança em toda parte





um mundo à parte enche agora as suas mãos e empurra o seu destino. teve o desejo de silenciar tudo, muitas vezes, entre todos os sonhos, de medo do barulho do não-sonho. teve o desejo de amar quantas vezes o amor nela ressuscitou. teve o desejo de deixar certezas para conhecer incertezas do grande mundo, do além-mar .   no desvio da aurora ela se esconde para segurar nas mãos as luzes sonegadas . teve o desejo de reescrever outros sonhos, poemas, redesenhar e repintar outras-mesmas delicadezas, belezas, mentiras e verdades que se-lhes espreitavam a séculos tantas vezes quantos anos teve ali na transparente caverna onde ela se esconde com o farnel das promessas a ventura edificando.   e na sua ânsia de decifrar o delicado enigma talvez pudesse dar- lhe um lugar qualquer mais adiante, despir-se de pudor por um instante e deixá-lo cobrir-lhe como um manto....





quinta-feira, 26 de maio de 2016

toda a carícia toda a confiança sobrevivem










ao som do silêncio a Alma ouvirá e poderá recordar-se 'aquilo que em ti viverá para sempre, aquilo que em ti conhece (porque é o conhecimento) não é da vida transitória'. a janela é um rasgão no tecido de pedra, por ela a luz entra , o olhar se expande e respira a casa no passar dos tempos, no abandono das gentes rasga-se o tecido que a sustenta. já não casa, já não janela, já não olhos por onde olhar e  ao ouvido interior falará : "perdoe o medo assim como quem 
se abstrai de uma agulha..."