Por Quê. Ao mesmo tempo que se pergunta obsessivamente por que não é amado, o sujeito amoroso vive na crença de que, de fato, o objeto amado o ama, mas não lhe diz.
'... mas por que afinal você não me ama? Como pode alguém não amar este eu que o amor torna perfeito (que dá tanto, que faz feliz, etc.)?'
'(Eu te amo torna-se você me ama. Um dia, X... recebeu orquídeas anônimas: imediatamente alucinou-lhes a origem: só poderiam vir de quem o amava; e quem o amava só podia ser quem ele amava. Somente após longo tempo de controle é que consegue dissociar as duas inferências: quem o amava não era forçosamente quem ele amava.)
fragmentos de um discurso amoroso
Roland Barthes
[o amor não é desculpa para desistir]