sábado, 26 de abril de 2014

Das formas perfeitas



Ânsia voraz
de me fazer
em muitos
Fome angustiosa
da fusão de tudo
Sede da volta final
Da grande experiência
Uma só alma
Em um só corpo
Uma só alma-corpo
Um só
Um

Como quem
fecha numa gota
o oceano
Afogado
no fundo de
si mesmo

(do livro Magma de Guimarães Rosa)




[ e a certeza de uma 
outra margem
permeiam os pensamentos]





terça-feira, 22 de abril de 2014

Precisamos mais de nós do que de tudo





Um dia a gente aprende que nada foi nem nunca será solucionado na teoria, alguém sempre tem de arregaçar as mangas e se dedicar a colocar as coisas em ordem, independentemente de o quanto isso custar. Penso que o vazio é um lodo espesso e intransponível que corre por dentro de encanamentos, artérias, postes, fios, veias, troncos de árvores. E vai se espalhando depressa, se estagnando por entre réplicas e tréplicas ou silêncios irreversíveis. A solidão é um troço que faz a gente abrir a geladeira sem estar com fome ou sair por aí com umas pessoas bem barulhentas pra tentar estar junto. Pra asfixiar o vácuo de dentro que não está bem lá dentro, e sim nas superfícies, nos contornos dos corpos, das coisas, nos dias nublados muito claros que contraem os olhos. Podia ser tudo simples como nas ruas de cimento onde se aposta corrida de bicicleta. Joelhos ralados, mercúrio cromo, band-aid e pronto, no dia seguinte, corrida de bicicleta. Agora é assim: nada combina com nada. Mas não se preocupa, vou voltar lá pra te buscar. Lá onde  me perdi....




'infindo e onipresente, 
o nada envolvia
 cada recanto de sua consciência'
- Joseph Glittergate