suspirou três vezes como quem faz o sinal da cruz no ar. quando se alongam os dias e os silêncios, ela se ausenta, pra se sentir inteira e não atingir medidas. queria uma certeza pra toda dúvida. janela acesa em noite escura. cais onde aportar. bonança, depois da tempestade. uma vida a costurar na sua, com o fio comprido do tempo. porem há a ventania que fere os cantos mais sensíveis. e fere até os brutos, [se duvidar são os brutos que se deixam ferir por não serem tão brutos assim como pensam]. cantos que guardam amor e juntam esperas. os corações nesses cantos batem descompassados porque têm motivos pra bater assim. e, na essência, cada canto guarda um céu.
"por vezes,temos de ser desembrulhados
para percebermos quem somos realmente."
in "A Prenda"