sábado, 18 de outubro de 2014

carrega feito sísifo....





fora, há quem pense que a vida lhe escapou ressequida. mas quando cala, a palavra está em primavera. alguém um dia lhe disse que seu querer seja fabricado por essa usina de sonhos que funciona como o relógio . dentro. pode ser. talvez não tenha rastro qualquer na racional superfície da mortalidade. viu, viveu e sentiu que na redoma cruel da realidade este jeito de ser não conseguiria manter-se ereta em seus princípios diante de minúsculos contratempos. o que dizer então  dos verdadeiros tremores de sentimentos? das verdadeiras beiras de abismos da escolha entre o tudo e o nada?  pensou em Xerxes e as 300 chibatadas no oceano.sua consciência nau-fraga. sabe que tudo é vestido e urdido entre o verdadeiro e o falso, sem nunca os alcançar. por isso, é quase Éden. Adão culpabiliza Eva, e Eva a serpente. uma só tormenta  o exército de Xerxes derrotado.há que desalojar do azul uma tristeza.  atribuir o gozo à falta. essa fenda por onde se estica o desejo, como se as mãos escorregando na tarde retesem nuvens. para inalcançar, cresce. tem um alvo disfarçado em galáxia.  no estio, tem vida fecunda só dentro e um girassol enfeita os anéis de Saturno. quer se desconhecer até o ponto de saber-fazer-se pelos descaminhos....







hoje estou tecendo fios  aqui:
flor de lis

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

....que se combinavam entre si




Cheiroso. Intenso. Cheio de um frescor que eu já desconhecia. Assim pode ser um dia na semana, planejado para dar certo.Começa brando e morno, no ritmo e na temperatura. Caminharemos mansos, entre passos incertos de certezas. Mergulhados nas ondas. Correremos demorados entre os grãos de areia passando por entre os dedos. Saborearemos um picolé. E beijos. E pele com sabor a sal. Contemplaremos. Passeios em memórias do presente e saudades do futuro. Regressaremos sem pressas, pelos trilhos de sempre. E pelas frestas das janelas de sol coada pelas cortinas a sussurrar segredos da intimidade  adormecida a luz que passara enamorada lá fora. Deixaremos entrar o canto dos pássaros e mais tarde o canto dos grilos. A luz da lua. Conjugaremos o sabor prosaico de rodelas de pepino e uma lata de atum. Um vinho gelado. Momentos  que são feitos de palavras que são feitos de silêncios. Os dias intensamente felizes não são os que falam mas os que murmuram um apelo sussurrado aos sentidos e aos sentimentos. . Baixinho.








sexta-feira, 10 de outubro de 2014

quem sonha improvisa





é inevitável mas  o nosso cérebro envelhece com a idade como envelhecem as nossas artérias. sei que tenho a idade das minhas artérias, mas nunca admito que o meu cérebro envelhece no mesmo ritmo. agarro-me com unhas e dentes a esta fantástica capacidade de plasticidade cerebral  embora sinta na pele que há uma ira espalhada pelo mundo, nas palavras, nos gestos. creio ser a ira  o pavio que incendeia o medo, e se é preciso coragem para se ser feliz, então o mundo anda longe disso. uma grande maioria não quer mais correr riscos por que lhes parece muito ousado, muito longe de suas realidades. a cada dia me convenço de que ser feliz não tem nada haver com mudar a vida das pessoas, mas sim, mudar a realidade do seu mundo particular, dos seus pensamentos, das suas lembranças. é como se de repente você mudasse um pouco o foco, acreditando que existe uma possibilidade de se viver as coisas de uma forma melhor. a  tristeza é inerte, enquanto a alegria é dinâmica, é a forma como a vida nos conta de quantas chances nós temos de nos sentir bem.

feliz dia para a tua criança interior, então!