quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Ter fé e ver coragem no amor...







não gosto muito de ter certezas. gosto das surpresas que agitam o caminho. não somos folhas brancas, [aquela metáfora era mesmo péssima]  ninguém vaga totalmente vulnerável por aí, esperando a ação de outros. as pessoas têm escolhas. podem aceitar ou recusar a ideia de que precisam ser melhoradas e têm a decisão final de deixar essa função para outros ou não. no fim, todo mundo que passa pela nossa vida realmente deixa um pouco de si, mesmo que seja a certeza de que você quer ser o exato oposto daquilo. mesmo que a oportunidade de ver que tipo de pessoa você realmente quer ser. é possível escolher quem te magoa nesse mundo, assim como é possível escolher ser e quem te conserta. a melhor coisa é quando alguém escolhe a si mesmo. mas se você quiser entre o sim e o não tem sempre um segundo de poesia...




quarta-feira, 22 de outubro de 2014

esta manhã não lavei os olhos




0 sol dos sonhos derreteu-lhe as asas
E caiu lá do céu onde voava
Ao rés-do-chão da vida.
A um mar sem ondas onde navegava
A paz rasteira nunca desmentida...

Mas ainda dorida
No seio sedativo da planura,
A alma já lhe pede, impenitente,
A graça urgente
De uma nova aventura.

Miguel Torga
(in Poesia Completa,
vol. II)






[bati na
porta da vida
e disse-lhe:
não tenho medo
de vivê-la]



hoje o dia é só meu! ♕ ♔




domingo, 19 de outubro de 2014

hoje é domingo pé de cachimbo




Os quintais da minha infância insistiam em me enganar e me fazer mentirosa. Eu encontrava pé de tudo quanto é coisa: de abobrinha, de banana,de jabuticaba mas nunca o mais valioso de todos: o sonhado pé de cachimbo.Cresci com a memória da minha frustração em achar um pé de cachimbo. Vivi feliz com ela até o exato momento em que um primo sabichão me revelou o que para mim seria uma tragédia: “Hoje é domingo, pede cachimbo”. Pede? Como assim?...... Traidor domingo que pede cachimbo. Que pede o sentar-se descansadamente com o troço de madeira, osso ou sei lá o que mais entre os lábios. Pede, do verbo pedir, presente do indicativo, terceira pessoa do singular. O domingo pede cachimbo. Por que, domingo? Não podias ter pedido um bolo? Um suco detox? Um chinelo? Por que me traíste? Eu que te amava tanto. Que em tuas manhãs e tardes fazia nada e procurava pés de cachimbo pelos quintais, enquanto o mundo, lá longe, muito longe, se acaba nas insuportáveis intrigas de adultos. Por que me traíste pedindo o miserável cachimbo? Para mim, hoje ainda é “domingo, PÉ de cachimbo”. E que se dane o próximo domingo, o domingo (in)feliz, que com sua falta de criatividade se arrastara pedindo coisas e destruindo memórias.....



* musica aqui


**próximo domingo
segundo turno eleições presidenciais





sábado, 18 de outubro de 2014

carrega feito sísifo....





fora, há quem pense que a vida lhe escapou ressequida. mas quando cala, a palavra está em primavera. alguém um dia lhe disse que seu querer seja fabricado por essa usina de sonhos que funciona como o relógio . dentro. pode ser. talvez não tenha rastro qualquer na racional superfície da mortalidade. viu, viveu e sentiu que na redoma cruel da realidade este jeito de ser não conseguiria manter-se ereta em seus princípios diante de minúsculos contratempos. o que dizer então  dos verdadeiros tremores de sentimentos? das verdadeiras beiras de abismos da escolha entre o tudo e o nada?  pensou em Xerxes e as 300 chibatadas no oceano.sua consciência nau-fraga. sabe que tudo é vestido e urdido entre o verdadeiro e o falso, sem nunca os alcançar. por isso, é quase Éden. Adão culpabiliza Eva, e Eva a serpente. uma só tormenta  o exército de Xerxes derrotado.há que desalojar do azul uma tristeza.  atribuir o gozo à falta. essa fenda por onde se estica o desejo, como se as mãos escorregando na tarde retesem nuvens. para inalcançar, cresce. tem um alvo disfarçado em galáxia.  no estio, tem vida fecunda só dentro e um girassol enfeita os anéis de Saturno. quer se desconhecer até o ponto de saber-fazer-se pelos descaminhos....







hoje estou tecendo fios  aqui:
flor de lis