sábado, 22 de novembro de 2014

preciso de sabores e ecos





.preciso do meu contorno.  já fui imprecisa demais.  quero deslocar o corpo sem esforço, tal como desloco fluidos, cheiros, poeira, quando caminho de qualquer lado para qualquer lado. meu medo de escuro não é tropeçar.   o que me assusta é me apoiar em fantasmas. mas depois, virando a esquina, todas as esquinas de todos os dias, esperam-me apenas as aves que ninguém sabe de onde partiram.    quero que  venhas e me dês um pouco de ti mesmo onde eu habite...





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sexta-feira, 21 de novembro de 2014

não havia correntes de pensamentos



.a ferida por baixo da cicatriz- quem cura? não soube responder pois não se sai do abismo, aprende-se a sua linguagem.    de súbito percebeu que as coisas simples se fala depressa; tão depressa que nem conseguimos que as ouçam.    as coisas simples murmuram-se; um murmúrio tão baixo que não chega aos ouvidos de ninguém.    olhava com olhos de camaleoa a face mutável do mundo e considerava-se incompleta.  a noite sobre o mar é particularmente escura e não há nada pior do que demasiado tarde. 





' adapte-me a 
uma cama boa /
 capte-me uma 
mensagem à toa /
 de um quasar 
pulsando lôa / 
interestelar canoa '
Cae Veloso

quarta-feira, 19 de novembro de 2014