sexta-feira, 17 de junho de 2016

afinal somos feitos de regressos





não dormia sem procurar o amor, sem beijar na testa a noite que acabava serena e exausta como ela.   e se te consome o frio, quando assola, seja meu o cobertor do teu aconchego. a salinidade imaginária dá um alento redobrado ao mel dos nossos sentidos.
no que é que eu acredito?  no mistério do amor, sendo maior que a morte e mais leve que o sono. amanhã alegro-me de novo. imagino o sol, jogo o espelho e recomeço a ir ao teu encontro...



terça-feira, 14 de junho de 2016

O lento acordar das vozes submersas






dentro de si todo o possível se eterniza, vive sempre mais que o realizado. o inverno a deixava inquieta. ficar fechada em qualquer ambiente a angustiava, precisava de uma brecha para respirar. saiu a caminhar e de rosto em rosto a si mesma procurou e só encontrou a noite por onde entrou finalmente despida, a insanidade acesa e fria iluminando o nada que tanto procurava....





sábado, 11 de junho de 2016

o abrir de portas a palavras e prazer



vivemos de palavras e suas interpretações. vamos até à escavação mais profunda com palavras. reduzem-nos à obediência,subjugam-nos. pesam toneladas, têm a espessura de vidros blindados.são as palavras que nos contêm, são as palavras que nos conduzem.as palavras não devem ser só preliminares. a língua não existe apenas para falar....




quinta-feira, 9 de junho de 2016

o que eu vejo quando olho ?


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nos lugares retorcidos da minha mente é produzida a mentira, que surge com sabor de protetora, nela me acomodei tantas vezes e me tranquilizei.  sim, encontrei proteção no que é temporário (mas o caminho para o centro não é reto nem é longo nem é algo que se ensine). é por isso que nos rodeamos com o meio ambiente que queremos. e queremos para proteger a imagem de si mesmo que temos feito. as emoções que mais me ardem , são as que julgo mais absurdas , a ânsia por a ânsia de coisas impossíveis ( porque são impossíveis), a saudade do que nunca houve, o desejo do que poderia ter sido, a insatisfação da existência do mundo. situações e coisas que nos fazem acreditar que somos parte do lugar onde pensamos estar porém o caminho para o centro é deslize, é tropeço, é não se dar conta de como se chegou lá. o caminho para o centro passa por onde o chão desaparece sob os pés. é estar naquele que percebe ao invés de estar no que é percebido....






'nascemos, e nesse momento
é como se tivéssemos firmado
um pacto para toda a vida,
mas o dia pode chegar
em que nos perguntemos
quem assinou isto por mim.'

ensaio sobre a lucidez
- José Saramago